Protesto contra PEC da Blindagem leva manifestantes ao Centro
Com cartazes de “Sem anistia” e “Congresso inimigo do povo”, ato reúne 150 pessoas
Manifestantes ocuparam neste domingo (21) o cruzamento da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, para protestar contra a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem e a proposta de anistia a condenados por tentativa de golpe de Estado. O ato integra uma mobilização nacional marcada em 22 capitais e ao menos 30 cidades do país.
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Manifestantes protestaram neste domingo (21) no Centro de Campo Grande contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia a condenados por tentativa de golpe de Estado. O ato, que reuniu cerca de 150 pessoas, faz parte de uma mobilização nacional em 22 capitais e 30 cidades brasileiras. A PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara em regime de urgência, exige autorização da maioria absoluta do Senado ou da Câmara para abertura de ações penais contra parlamentares. Manifestantes criticam a proposta, alegando que ela dificulta investigações e cria privilégios para políticos, enquanto defensores argumentam que a medida resgata prerrogativas constitucionais.
O protesto começou tímido, com poucos jovens, mas ao longo da manhã reuniu cerca de 150 pessoas. Faixas e cartazes traziam frases como “Congresso inimigo do povo”, “Sem anistia” e uma bandeira gigante com a palavra “democracia”.
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Entre os grupos presentes estavam União da Juventude Rebelião, PCR (Partido Comunista Revolucionário) e UP (Unidade Popular pelo Socialismo). Havia ainda militantes com camisetas estampadas com “Viva a imprensa popular!”, enquanto fogos de artifício e buzinaços de apoiadores marcavam o ritmo da manifestação.
A empresária Dedé Cesco disse que revive a luta contra a ditadura militar. “Eu lutei contra a ditadura e não acreditava que tão cedo ia ter que estar na rua de novo”, afirmou. Para ela, a aprovação da PEC representa um ataque à democracia.
“Eles estão legislando em causa própria. Isso é uma vergonha para o país. É importante mostrarmos que estamos insatisfeitos, que não queremos isso e que queremos um país democrático e livre, com menos pobreza e menos desigualdades entre as classes sociais”, completou.
Dedé reforçou que a pressão popular já surte efeito. “O povo na rua é muito importante porque os políticos se sentem pressionados. Alguns que votaram pela PEC já vieram a público pedir desculpas. O movimento ajuda, sim, porque o Brasil é nosso e nós somos responsáveis pelos caminhos que tomamos”.
A jovem Rebeca Ferreira de Souza Borges, 27 anos, destacou que a PEC cria privilégios. “Quando a gente fala de crimes, independente de cargo, eles têm que ser punidos da mesma maneira que nós. O código penal é claro”, disse. Sobre o projeto de anistia, ela avaliou que seria um retrocesso. “Eles tentaram um golpe de Estado, atacaram bens públicos, e dar anistia é passar a mensagem de que não punimos quem fere a democracia”.
Um engenheiro da computação de 24 anos, que preferiu não se identificar, reforçou que a medida protege criminosos. “Hoje a classe trabalhadora não é representada. Os governantes defendem os interesses dos grandes empresários. Essa PEC está cheia de problemas, principalmente em relação ao bloqueio da investigação”, afirmou.
Ele lembrou que já existem processos contra deputados por agressão, corrupção e até tentativa de golpe. “Hoje esses crimes tramitam com dificuldade, e a PEC só vai blindar ainda mais esses parlamentares para que não sejam investigados e punidos como deveriam”.

O ex-candidato a prefeito de Campo Grande e hoje filiado ao PT, Luso de Queiroz, também criticou a proposta. “Nós vamos construir uma casta de aristocratas, muito mais poderosa. Aquela famosa carteirada ‘eu sou fulano de tal, filho de fulano de tal’ vai aumentar. Vamos ter deputado e senador falando como se fossem príncipes, e isso vai totalmente contra os princípios da República. Trata o povo de forma inferior e cria uma nova aristocracia”.
Nacional - Os protestos foram convocados por centrais sindicais, movimentos populares e organizações da sociedade civil. Eles criticam a PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara em regime de urgência, que exige autorização da maioria absoluta do Senado ou da Câmara para abertura de ações penais contra parlamentares. O prazo para decisão é de até 90 dias após o envio do pedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A proposta é defendida por aliados como forma de “resgatar prerrogativas” previstas na Constituição de 1988, mas apelidada de “PEC da Bandidagem” pelos críticos, por dificultar investigações. A tramitação segue agora no Senado, onde já enfrenta resistência.
Em Mato Grosso do Sul, também foram organizados atos em Corumbá, no cruzamento da Rua 13 de Junho com a Rua Frei Mariano, às 15h, e em Dourados, às 9h, na Feira Central (Rua Cafelândia, 490).
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