“Direita se protege do STF”, diz deputado de MS que votou por PEC da Blindagem
Fiel a Bolsonaro, Rodolfo Nogueira segue Azambuja no PL e diz que novas sanções dos EUA só afetarão judiciário
Bolsonarista raiz, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) justifica seu voto favorável à PEC da Blindagem como uma reação da direita ao que ele considera perseguição do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo prioritário do extremismo: “Não votei pela PEC por interesse pessoal, mas entendo que é uma forma da direita se proteger do STF, já que não conseguimos pautar a PEC do Foro Privilegiado. É uma defesa do Parlamento.”
RESUMO
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Deputado de MS defende PEC da Blindagem como proteção contra o STF. Rodolfo Nogueira (PL-MS) justifica seu voto a favor da PEC como uma reação da direita à suposta perseguição do Supremo Tribunal Federal. Ele alega que a medida visa proteger o Parlamento e que o Judiciário pune apenas deputados de direita. Nogueira também defende a anistia a Bolsonaro e acredita que novas sanções dos EUA mirarão o STF. O deputado preside a Comissão de Agricultura e afirma que seguirá a orientação de Bolsonaro, mesmo com a chegada de Reinaldo Azambuja à presidência estadual do PL. Nogueira pretende disputar a reeleição e busca garantir a candidatura de sua esposa, Gianni Nogueira, ao Senado pelo PL. Ele defende a união da direita para enfrentar o PT em 2026 e considera Bolsonaro o candidato natural do partido à presidência. Na Comissão de Agricultura, Nogueira trabalha em projetos como a securitização de dívidas de produtores e a ratificação de terras de fronteira.
Nesta entrevista ao Campo Grande News o deputado, que preside a poderosa Comissão de Agricultura da Câmara, deixa claro que a mudança no comando do partido em Mato Grosso do Sul não altera sua rota política.
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Com a entrada do ex-governador Reinaldo Azambuja na presidência estadual do PL, em evento programado para este domingo (21), ele afirma seguir integralmente a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro: "Essa composição foi feita pela direção nacional, com aval do presidente Bolsonaro. Eu sigo a orientação dele, que me pediu para permanecer no partido’.”
Nogueira disputará a reeleição, mas quer a garantia de que sua mulher, a vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira tenha a legenda bolsonarista para disputar o Senado, vaga que tem ainda pretendentes fortes no PL, como próprio Reinaldo Azambuja, o deputado Marcos Pollon e provavelmente o Capitão Renan Contar (PRTB). Nogueira votará a favor da anistia a Bolsonaro e acha que as prováveis novas sanções dos Estados Unidos serão canalizadas para o STF e não mais para a economia. Veja a entrevista:
Por que o senhor votou pela PEC da Blindagem?
Não votei pela PEC por interesse pessoal, mas entendo que é uma forma da direita se proteger do Supremo Tribunal Federal, já que não conseguimos pautar a PEC do Foro Privilegiado. É uma defesa do Parlamento. A grande maioria dos líderes entendeu que as prerrogativas seriam uma construção mais fácil para blindar o Parlamento contra o Judiciário.
O que a gente está vendo hoje é o Judiciário punindo somente deputados da direita. Então, votar a favor das prerrogativas significa fortalecer os deputados de direita. O PT chama de “PEC da Blindagem”, dizendo que a direita está se blindando contra a Justiça. Mas, no Brasil, quem rouba, mata, trafica ou estupra dificilmente vai preso. Quem vai preso é quem fala o que pensa na tribuna, como o deputado Daniel Silveira.
E a questão da anistia? O senhor também é a favor. É também pra confrontar o STF?
A anistia é uma pauta pela qual lutamos desde que começou toda essa narrativa de golpe. Houve condenações de centenas de pessoas por depredação, invasão de prédios públicos, com penas totalmente arbitrárias, de 14, 18, até 27 anos. E tentam incluir o presidente Bolsonaro para tirá-lo do processo eleitoral de 2026.
Escutar alguém falar absurdo não é crime. Para existir golpe, seria preciso consumação ou ao menos mobilização real das Forças Armadas. Condenar um presidente com base apenas na delação de uma pessoa, o tenente-coronel Cid, é um absurdo.
Mas a lei pune a tentativa de golpe.
Mas não houve tentativa concreta: não havia armas, não houve ato consumado. Foi uma narrativa.
Qual o papel do deputado Eduardo Bolsonaro nessa articulação?
Eduardo não está apenas defendendo o pai, como o PT diz. Ele está defendendo o Brasil, a liberdade, denunciando a perseguição ideológica que a direita sofre. Deixou o mandato, teve bens bloqueados, e está fazendo o que acredita.
Os esforços de Eduardo Bolsonaro e as ações de Donald Trump podem influenciar na votação da anistia?
Não creio. A questão da anistia é interna. Muitos deputados, inclusive de centro e até de centro-esquerda, entendem que o julgamento do Bolsonaro não respeitou o devido processo legal. O tarifaço do Trump não influencia no Congresso. Mas, se a anistia passar, pode sim aliviar tensões externas, inclusive reduzir retaliações.
Se as sanções do Trump vierem mesmo, como fica o Mato Grosso do Sul?
Não acredito que os Estados Unidos vão ampliar tarifas. Pode haver retaliação em função do acordo do Mercosul com a EFTA. Quando houve o “tarifaço” do Trump contra a carne, o mercado asiático absorveu rapidamente a produção. O impacto para a pecuária do Mato Grosso do Sul foi mínimo.
Que tipo de nova sanção pode vir de Trump?
Acredito que possam vir sanções dos Estados Unidos contra ministros do STF, porque os americanos não costumam negociar quando se sentem afrontados. Isso pode apertar a Corte.
O que muda no PL com a chegada de Reinaldo Azambuja?
Não há janela para sair de partido agora. Essa composição foi feita pela direção nacional do PL, com aval do presidente Bolsonaro. Eu sigo a orientação do Bolsonaro, que me pediu para permanecer no partido. Azambuja traz força política: elegeu prefeitos em 2024 e aumenta o peso do PL no estado.
Como serão escolhidas as vagas para o Senado?
O acordo é o PL lançar dois candidatos ao Senado. Os nomes ainda estão sendo discutidos. O importante é chegar em 2026 com candidaturas fortes e com menor rejeição.
Sua esposa será mesmo candidata?
Sim. A vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira é pré-candidata apoiada pelo presidente Bolsonaro desde 2023. Ela já aparece com 14% nas pesquisas e baixa rejeição, o que dá competitividade.
A direita pode rachar?
Ninguém pode ser proibido de disputar. O processo democrático permite candidaturas diversas, e até as convenções, em 2026, tudo pode mudar. Mas espero que a direita mantenha união para enfrentar o PT.
E na disputa presidencial, como vê o nome de Tarcísio de Freitas?
Para nós, o candidato é Jair Bolsonaro. Confiamos que ele recuperará sua elegibilidade. A decisão será dele. É nosso líder e seguirá sendo o nome da direita em 2026.
Que temas o tem ocupado presidência da Comissão de Agricultura e Pecuária?
Tenho trabalhado em defesa do agronegócio, que é a locomotiva do nosso estado e atuo em projetos importantes, como a securitização das dívidas dos produtores e a ratificação de terras de fronteira. Fui relator do projeto, aprovado na Câmara e sancionado pelo presidente Lula. O prazo de ratificação foi prorrogado por cinco anos, evitando que milhares de propriedades perdessem o domínio para a União.
Houve algum obstáculo?
Alguns cartórios se negavam a registrar áreas em estudo antropológico, mesmo sem demarcação oficial. Isso gerava insegurança jurídica. O novo prazo dá tranquilidade, e há proposta para ampliar para dez anos. A prorrogação garante segurança a quem aguardava ratificação.
Sob o domínio da direita, a comissão discutiu temas polêmicos. Quais destacaria?
Apresentei outro projeto criando um cadastro para identificar invasores de terras, integrando informações em todos os estados. Sem isso, não conseguimos aplicar as punições já aprovadas em lei, como perda de benefícios sociais e cargos públicos. Há também projeto relatado pelo deputado Pedro Lupion (PP-PR) que garante proteção à propriedade produtiva. Se a terra gera emprego e renda, cumpre função social e não pode ser desapropriada. É uma resposta à insegurança criada pelo STF.