Quadro de corredor era grave e difícil de ser revertido, diz médico do Samu
Atendido por cerca de 40 minutos por socorristas do Corpo de Bombeiros, Qualisalva e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o mato-grossense Juliano Batista, 30 anos, não resistiu e morreu durante a prova da meia-maratona da Volta das Nações realizada no último domingo (12), em Campo Grande. Segundo o coordenador do Samu, Eduardo Cury, o corredor sofreu uma parada cardiorrespiratória em assistolia (interrupção da atividade elétrica do músculo), e seu quadro era difícil de ser revertido.
Cury explica que a desidratação e a ausência de eletrólitos (substâncias ligadas aos impulsos elétricos dos músculos, e facilmente adquiridas por meio da ingestão de isotônicos, por exemplo), aliada ao intenso esforço físico, pode ter desencadeado a parada cardiorrespiratória. Nestes casos, a vítima perde a consciência em cerca de 15 segundos, e aos três minutos já começa a sofrer lesões cerebrais. A partir dos dez minutos, as chances de recuperação do paciente ficam próximas de zero. “O caso dele foi complicado. As equipes se revezaram por muito tempo, mas sem sucesso”, disse Cury.
Ele explica que o Samu foi o último socorro a ser acionado, já que os responsáveis pela prova haviam previamente informado que não necessitariam da corporação, porque tinham uma equipe contratada pronta para atender qualquer ocorrência. Segundo nota divulgada pelos organizadores, Juliano foi atendido imediatamente. “Este tipo de parada cardíaca é muito complexo, e não posso afirmar que o desfecho seria diferente, mesmo se tivéssemos participado desde o início do atendimento. Não houve demora no socorro e tudo foi realizado conforme necessário”, destacou.
Ele lembrou ainda que a vítima não tinha histórico de doenças cardíacas. Durante a prova um homem teve problema semelhante, mas como seu caso não era tão grave, conseguiu se recuperar com ajuda da Qualisalva, sendo encaminhado a um hospital. Em nota divulgada no dia da corrida, a organização ressaltou “que a garantia de assistência médica sempre foi prioridade desde a primeira edição da prova em 2009".
A família do mato-grossense vai receber todo o apoio necessário. A nota dizia ainda que foram disponibilizados 132 mil copos de água, alegando que a hidratação não foi problema para os atletas durante o percurso de 21 quilômetros. A prova é organizada pela Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), em parceria com o Sesi (Serviço Social de Aprendizagem Industrial) e a TV Morena. A Polícia Civil de Campo Grande, por meio da 3º Delegacia de Polícia, abriu inquérito como "morte a esclarecer" para apurar o caso.