Rapaz morre em UPA e polícia investiga intoxicação por metanol
Paciente de 21 anos deu entrada na unidade do Universitário relatando mal estar e morreu 1h30 depois
A morte de um rapaz de 21 anos, morador de Campo Grande, está sendo investigada por suspeita de intoxicação por metanol, o primeiro caso em Mato Grosso do Sul. Ele chegou ontem à UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) Universitário, consciente, reclamando de mal-estar gástrico, náuseas e vomitando líquido escuro. Amostras de sangue e urina foram coletadas para perícia no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).
RESUMO
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Um jovem de 20 anos morreu em Campo Grande após ingerir bebidas alcoólicas no fim de semana. A suspeita é de intoxicação por metanol. O rapaz deu entrada na UPA Universitário com mal-estar gástrico e náuseas, mas seu quadro se agravou rapidamente, resultando em parada cardiorrespiratória e óbito. A polícia investiga a origem das bebidas consumidas pela vítima, que incluíam whisky e cachaça. Amostras de sangue e urina foram coletadas para análise toxicológica. O caso soma-se a outros registros recentes de suspeita de bebidas adulteradas com metanol no país, levando o Ministério da Saúde a instalar uma Sala de Situação.
As informações ainda não são precisas. Apesar do boletim de ocorrência relatar que ele bebeu whisky no sábado e cachaça no domingo, depoimentos da tia e do irmão mostram que ele comprou uma garrafa de pinga na quarta-feira, tomou com suco, e amanheceu na quinta-feira (2) passando mal. Ele então foi encaminhado pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para a UPA, onde deu entrada às 18h20, de onde saiu morto cerca de 1h30 depois.
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Segundo boletim de ocorrência, no momento da entrada, o rapaz estava consciente, orientado, comunicativo e estável, sem necessidade de suporte respiratório. Ainda conforme relato, o rapaz confirmou que os sintomas apareceram após a ingestão de bebidas alcoólicas.
Ao chegar, ele caminhou por conta própria até a triagem, foi avaliado e classificado com a cor amarela, aguardando no saguão de espera. A situação mudou cerca de 15 minutos depois. O jovem apresentou crise convulsiva, perdeu a consciência e foi encaminhado para a sala vermelha, onde entrou em parada cardiorrespiratória.
Foram feitas manobras de reanimação e intubação. Após 36 minutos, houve retorno da circulação espontânea, mas o quadro voltou a se agravar e ele sofreu nova parada. Após 12 minutos de tentativas, sem resposta, o óbito foi declarado às 19h53. O histórico médico apontou ainda consumo de álcool desde a infância, há cerca de nove anos.
A respeito da bebida ingerida, a mãe do jovem disse à polícia que ela teria sido comprada em um supermercado. Já o irmão, afirmou que adquiriu a cachaça em uma conveniência, a pedido dele, porque o comércio estava fechado.
Ontem, a UPA reteve o frasco da bebida encontrada com o jovem, conforme protocolo da Rede Municipal de Saúde, e recolheu amostras de sangue e urina, encaminhadas ao Lacen (Laboratório Central) para análise toxicológica. A suspeita é de possível intoxicação alcoólica, inclusive por metanol.
Por determinação do delegado plantonista da Depac/CEPOL (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário/Centro Especializado de Polícia Integrada), Willian Oliveira, investigadores recolheram outros frascos de bebidas alcoólicas encontrados na residência da vítima, no Jardim Colibri. O corpo foi encaminhado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para exame necroscópico.

Investigação - Esta manhã, equipe da Decon (Delegacia do Consumidor) esteve na UPA Universitário e recolheu o frasco de cachaça ingerido pelo rapaz. Depois, seguiu para uma conveniência no Colibri, onde também estão equipes do Procon e da Vigilância Sanitária.
A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) para ter informações sobre a investigação.
Em nota, a secretaria informou que, em respeito à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e ao princípio constitucional da inviolabilidade da intimidade, não repassaria dados individualizados sobre pacientes.
Segundo a pasta, informações sobre estado de saúde, atendimentos ou processos de regulação são fornecidas apenas ao próprio paciente ou aos representantes legais.
Em relação à fiscalização, de acordo com a assessoria, a Vigilância Sanitária de Campo Grande segue o cronograma de rotina, com verificação da qualidade e procedência das bebidas comercializadas nos estabelecimentos. Até agora, não foram identificadas substâncias adulteradas nem casos de intoxicação por metanol registrados nas unidades de saúde da Capital.
Produto - O metanol é um álcool amplamente usado na indústria, principalmente na produção de combustíveis e solventes, mas não tem qualquer uso seguro para consumo humano. Diferente do etanol, presente em cerveja, vinho e destilados, ele é altamente tóxico.
Por não apresentar cheiro, cor ou sabor, o metanol pode ser adicionado de forma clandestina a bebidas sem levantar suspeitas. Uma vez ingerida, a substância é convertida pelo fígado em compostos nocivos, como o ácido fórmico, que atacam diretamente o organismo.
Os primeiros sintomas surgem rapidamente e incluem visão embaçada, tontura, dores abdominais e dificuldade para respirar. Em maior quantidade, pode provocar cegueira irreversível, falência de órgãos e morte. A evolução depende da dose ingerida e da rapidez do atendimento médico, que costuma ser decisiva para salvar vidas.
Casos recentes em diferentes estados levantaram a suspeita de bebidas adulteradas com metanol, acendendo um alerta nacional. Diante do cenário, o Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação para acompanhar e coordenar medidas em conjunto com a Anvisa, vigilâncias sanitárias locais e órgãos como o Ministério da Justiça e o Ministério da Agricultura.
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