Rotatória que virou pracinha ganhou apelido cômico e carregado de interrogações
Ninguém sabe o porquê, mas o “Cool do Prefeito” foi parar até no Google Maps

Uma rotatória no meio do Jardim dos Estados carrega apelido que arranca risadas sempre que é dito. A anedota tem mais idade que alguns dos moradores ou quem trabalha por ali, mas continua sendo novidade para muita gente. Recentemente, foi parar no Google Maps com ares mais contemporâneos, na linguagem da internet, como “Cool do Prefeito”. O que perdura desde o surgimento é o cômico mistério urbano: quem teve a ideia de apelidar o local desta maneira? Que motivos o criador teve para chamar uma rotatória assim? Quem era o prefeito de Campo Grande à época?
RESUMO
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Uma rotatória no Jardim dos Estados, em Campo Grande, ganhou um apelido peculiar que provoca risos entre os moradores. Conhecida como "Cool do Prefeito", a origem do nome permanece um mistério, mesmo para os habitantes mais antigos do bairro, como Terezinha Medeiros, de 85 anos, que vive na região há cinco décadas. O local, construído provavelmente nos anos 1960, é oficialmente denominado Praça Vizinhas Amélia Ribeiro Hugueney e Maisa Cotinho Anache. Atualmente, o espaço se tornou ponto de encontro para gatos de rua, que recebem cuidados de protetores de animais, incluindo abrigo, alimentação e assistência médica.
Já adianto: são perguntas que a reportagem não conseguirá responder. Uma das moradoras mais antigas da Vila Tupaceretan, parcelamento do Jardim dos Estados, dona Terezinha Medeiros, de 85 anos, que o diga. Há 50 anos morando na Rua Carlos Hugueney, uma das que desembocam no “C. do Prefeito”, ela conta que quando construiu a casa com o marido por lá, já escutava o apelido. “Eu fui a primeira moradora aqui. Não tinha nem asfalto. Meus filhos pequenos andavam de bicicleta aqui na terra. Mas, desde que me mudei para cá, já chamavam assim. Nunca soube o porquê.”
Os mais jovens também contam histórias. O estudante de Direito, Gustavo Henrique Augusto, 22 anos, por exemplo, diz imaginar quem foi o autor da inclusão do apelido no Maps, mas prefere não revelar o nome. “Como aqui é um círculo, um grupo de adolescentes que frequentava aqui apelidou assim, por ser perto da prefeitura e ser um círculo. Isso aqui é uma rotatória que virou pracinha”.
Há quem passe por ali todos os dias e não faça ideia do apelido, como o motorista Hélio Guedes, 50 anos, que trabalha no Fórum de Campo Grande. “Não sabia, mas faz sentido”, afirma aos risos. “Acho que é mais porque é um espaço pequenininho, uma rotatóriazinha, redondinha, no meio do bairro aqui”.
A história sem registros – E até quem já trabalhou com a história do planejamento urbano de Campo Grande tem a interrogação na cabeça. O arquiteto e urbanista do Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), Bruno Ferreira, acredita que não há registros do batismo inusitado. “Dificilmente. Eu não sou daqui, mas trabalhei com planejamento urbano. Me lembro que uma pessoa que trabalhava comigo, uma senhora distinta, me soltou com a maior naturalidade essa expressão. Foi um misto de querer rir com ‘onde eu enfio a minha cara’”.
O que ele pode registrar sobre a localidade é que a rotatória foi construída provavelmente nos anos de 1960. O parcelamento urbano é datado de 67. Tupaceretan é a grafia errada de Tupanciretã, um nome tupi que significa "terra da mãe de Deus", através da junção dos termos tupã (Deus), sy (mãe) e retama (terra).
Bruno revela outra curiosidade: a pracinha é a menor da cidade. “Essa praça é engraçada. É a menor praça oficial de Campo Grande e é a que tem o maior nome”.
O espaço de convivência se chama Praça Vizinhas Amélia Ribeiro Hugueney e Maisa Cotinho Anache. As duas eram amigas e vizinhas e prestaram relevantes serviços à comunidade campo-grandense. Por isso, foram homenageadas.
A primeira dedicou-se às mulheres, sobretudo às gestantes. Foi membro da Associação da Maternidade de Campo Grande e promovia eventos para angariar fundos para que a entidade pudesse prestar atendimento às grávidas carentes. Já Maisa destacou-se pelo trabalho assistencial nas áreas de educação infantil e infantojuvenil. Foi voluntária do Educandário Getúlio Vargas.
Em 1967, Plínio Martins era o prefeito de Campo Grande. Ele assumiu o cargo em 31 de janeiro daquele ano e governou até 30 de janeiro de 1970, sucedendo Wilson Barbosa Martins e antecedendo Mendes Canale, de acordo com registros históricos da cidade.
Convivência felina – O espaço com paisagismo e bancos de ferro não é usado para as pausas e boas conversas dos humanos. Há alguns anos, o local se tornou ponto de encontro de gatos de rua. Foi então que protetoras de animais decidiram melhorar o espaço para a convivência boêmia dos felinos.
No local, há casinhas para abrigo e diariamente, potes são abastecidos com água e ração para o banquete noturno dos animais, que também recebem tratamento de saúde e são resgatados para a adoção. As “festas” da gataria ficam registradas no Instagram @gatosdapracinha.

Localização – A tal rotatória dá acesso às ruas Carlos Hugueney, Osvaldo Cruz, José Abrão e Piratininga, no Jardim dos Estados, bairro criado em 1939 na região central de Campo Grande.
Nem o Google responde quem e quando o apelido foi registrado no mapa online de Campo Grande. A reportagem busca a informação há semanas, mas a multinacional americana ficou devendo a resposta.
O Google Maps é uma plataforma colaborativa e permite que usuários compartilhem a localização em tempo real, colaborem listando lugares (como restaurantes ou pontos turísticos), contribuam com avaliações e fotos e até criem mapas personalizados (My Maps) que podem ser editados por outros.
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