Operação noturna vai fechar ferros-velhos 24h que faturam com furtos na Nhanhá
Moradores dizem que índice de furtos e roubos de metal piorou no bairro que já sofre com a criminalidade

Parece estranho avisar antes, mas a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) divulgou que fará plantões noturnos, com apoio da PM (Polícia Militar) e da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para coibir o funcionamento irregular de empresas de reciclagem e ferros-velhos que estão abertos 24h na Vila Nhanhá e bairros no entorno.
RESUMO
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A Semadur, com apoio da PM e GCM, realizará plantões noturnos para coibir o funcionamento irregular de ferros-velhos e empresas de reciclagem na Vila Nhanhá, Campo Grande. A medida surge após denúncias de moradores sobre aumento de furtos e criminalidade. Empresas que operarem fora do horário permitido serão notificadas e podem ser interditadas. Durante audiência pública, moradores relataram agravamento da segurança devido a empresas funcionando 24h, suspeitas de receptar materiais furtados. Autoridades discutem ações integradas para enfrentar a criminalidade na região.
A medida foi anunciada depois que moradores denunciaram que há serviços dessa natureza funcionando irregularmente, aumentando os casos de furtos de fiação e influenciando na criminalidade local.
A denúncia foi feita durante audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores de Campo Grande, que tratou da segurança na Vila Nhanhá e no entorno.
Segundo o gerente de fiscalização e controle de posturas da Semadur, Admir Cristaldo, os ferros-velhos que estiverem funcionando no período noturno serão notificados e deverão paralisar o serviço no horário irregular. “Caso ele persista, nós chegaremos até a interdição”, diz.
Cristaldo explica que o decreto 1.265/2024 prevê o horário estendido de bares, restaurantes, shoppings, exposições e outros eventos até às 23h de segunda a quinta e até 23h59 de quinta a domingo. Mas, para isso, é preciso fazer a solicitação na secretaria, apresentando série de documentos, como certidão da PM, contrato de segurança, licenças ambientais e do Corpo de Bombeiros, por exemplo.
Os ferros-velhos e empresas de reciclagem na Nhanhá e no entorno não têm esta autorização, diz o secretário.
Audiência – Moradora da Vila Jacy, que acompanhou a audiência esta manhã, disse à reportagem que a situação piorou em novembro, quando outra empresa de recicláveis abriu, funcionando ininterruptamente. O empreendimento e os ferros-velhos são apontados como receptores de materiais furtados, como grades, fios de energia e tampas de bueiro. “Tem fila na reciclagem duas da manhã. Precisa funcionar 24 horas? É hospital?”, questionou. O coronel Emerson Almeida Vicente, comandante do Policiamento Metropolitano de Campo Grande questionou que, sendo um comércio legal, não teria motivo para funcionar “na calada da noite e na madrugada”.
A presidente Associação de Moradores da Vila Jacy, Talita Mariana, os moradores enfrentam problemas de segurança há anos, agravados pelo fato de a região ser rota de fuga de usuários que cometem furtos.
Pela Associação de Moradores do Nhanhá, Rosenilda Pereira, explicou que a situação é de verdadeiro abandono: "Estamos vivendo um terror. Os roubos são constantes, até durante o dia”. Ela relatou que escola do bairro foi invadida e furtada várias vezes. “A comunidade está à mercê”, afirmou. Depois dos relatos de crimes, um guarda está fazendo a proteção da instituição, contou.
"Moro há 40 anos e nunca vivi o que temos vivido esses últimos oito meses, um terror", disse Rosenilda. "Nossos filhos chegam do trabalho, a gente tem que ficar no portão, é eles roubam tênis dos meninos, eles roubam celular, eles roubam tudo, bicicleta", contou, referido-se aos usuários drogas que circulam pelas ruas. "Eles perderam medo".
A presidente da associação diz que esses usuários são de outros bairros ou cidades. "Porque os de lá não mexem com a gente lá, ao contrário, eles cuidam da nossa casa", afirmou.
Durante audiência, o secretário Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, Anderson Gonzaga, afirma que tem atuado em operações integradas com as polícias Militar e Civil para combater crimes como furto, receptação e tráfico de drogas na região. “A região da Nhanhá e adjacências tem muitos imóveis abandonados, o que favorece ocupações irregulares e o aumento da criminalidade.
O promotor Douglas Oldergado, do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gacep), propôs a criação de um programa de enfrentamento à criminalidade com ações integradas entre município, estado e governo federal.
O vereador Beto Avelar (PP), que propôs a audiência, estacou a grave situação enfrentada por moradores de regiões afetadas pela criminalidade, comparando o cenário a um “estado de sítio”. Ele defende a criação de um grupo de estudo com a participação dos governos municipal, estadual e federal para buscar soluções conjuntas. Para o vereador, é essencial implantar uma base de polícia comunitária integrada a ações sociais e de saúde, já que, segundo ele, apenas a repressão policial não tem sido suficiente diante da reincidência de usuários e pequenos traficantes.
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