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Capital

Sem alimentos e kits, professores "se viram" para manter aulas

Natalia Yahn | 18/02/2016 07:38
Prédio da Nuali, na Vila Sobrinho, estava cheio de alimentos na manhã de hoje (17), mas previsão é de que o estoque dure uma semana. (Foto: Alan Nantes)
Prédio da Nuali, na Vila Sobrinho, estava cheio de alimentos na manhã de hoje (17), mas previsão é de que o estoque dure uma semana. (Foto: Alan Nantes)

A falta de alimentação e de materiais escolares continua a ser alvo de denúncias e reclamações, uma semana após o início das aulas nos 98 Ceinfs (Centros de Educação Infantil), de Campo Grande. Os alimentos usados para fazer os lanches, almoço e também a janta das crianças nas creches e nas 94 escolas da Reme (Rede Municipal de Educação) são suficientes para apenas uma semana.

Enquanto a ameaça de não ter mais alimento para os 105 mil alunos cresce a cada dia, as professoras e funcionárias da Semed (Secretaria Municipal de Educação), se viram como podem para manter o funcionamento dos Ceinfs e escolas. “Como estamos sem material para trabalhar pegamos o restinho que sobrou do ano passado e dividimos entre nós. Mas só tem lápis de cor e borracha. Canetinha, tinta, massinha, não têm. A gente se ajeita, mas tem coisas que não conseguimos resolver”, afirma uma funcionária no Ceinf José Ramão Cantero, no Estrela Dalva.

Ela explica que o principal problema das sobras dos materiais é a má qualidade. “Lápis por exemplo, a gente aponta e quebra e assim vai. E muitas vezes não pinta, não sai cor nenhuma”, diz a mesma servidora.

Na mesma creche, desde a semana passada tem até bife, coisa rara de acordo com a funcionária do local. “Por enquanto tem comida, pão e até bife, que nunca teve. Antes era só carne moída oupicadinha. Mas a previsão é de que o mantimento dure só uma semana, não vai durar muito”, afirmou.

O responsável pelo Nuali (Núcleo de Abastecimento Alimentar), Elton Lobato, confirmou que nas creches e nas escolas – onde as aulas começaram, respectivamente, nos dias 11 e 15 de fevereiro – os itens alimentares estão disponíveis somente até a próxima semana.

“Foi tudo entregue, o atendimento está normal. Estamos trabalhando com o cardápio da ata anterior. Tem arroz, feijão, sal, óleo, frango, carne, macarrão. Todos estão atendidos, mas os produtos são para uma semana”, disse.

No dia 5 de fevereiro, antes do início das aulas nas creches, professoras que trabalhavam na manutenção do Ceinf Sônia Helena, no Jardim Panorama, denunciaram a falta de alimentos. (Foto: Pedro Peralta / Arquivo)
No dia 5 de fevereiro, antes do início das aulas nas creches, professoras que trabalhavam na manutenção do Ceinf Sônia Helena, no Jardim Panorama, denunciaram a falta de alimentos. (Foto: Pedro Peralta / Arquivo)

No dia 11, quando começou as aulas nos Ceinfs, A secretária Municipal de Educação, Leila Machado, confirmou que, por conta do período de Carnaval, não foi feita a entrega de alguns itens de hortifruti. “Tivemos alguns problemas sim, mas foi tudo solucionado e agora está normal. Vamos trabalhar para que não falte merenda, como aconteceu no ano passado”, promete.

Ela não especificou quais itens tiveram problemas na entrega, apenas confirmou a situação e disse que tudo foi resolvido. A titular da Semed negou que as creches façam pedidos aos pais dos alunos para arrecadar alimentos. “Na verdade não foram os Ceinfs que pediram, os pais que levaram. Mas não podemos receber por conta da Vigilância Sanitária que é exigida. Qualquer item doado, sejam quilos ou toneladas precisam ser encaminhados para vistoria”, afirmou a secretária.

A Semed disse ainda que no depósito da Nuali (Nucleo de Abastecimento Alimentar) – antiga Suali (Superintendência de Abastecimento Alimentar) –, na Vila Sobrinho, estão disponíveis mais de 200 itens que podem ser usados para a merenda escolar. E mesmo com o atraso na licitação, que seria dia 2 de fevereiro e foi adiada para o dia 16 deste mês, a secretária garante que não vai faltar alimentação nos Ceinfs e nas 94 escolas da Reme (Rede Municipal de Educação).

Enquanto a Semed afirma que o funcionamento dos Ceinfs é normal e não falta alimentos para os lanches, almoço e janta das crianças, pais e funcionárias dizem que exatamente o contrário. Reportagens do Campo Grande News mostraram denúncias de coação para que a família dos alunos fornecesse itens para produção da merenda. Outra denúncia é de que as próprias diretoras das creches, compravam com o próprio dinheiro carne e outros itens perecíveis, não fornecidos pela Prefeitura.

O problema foi apontado por uma funcionária do Ceinf Sônia Helena, no Jardim Panorama. Ela afirmou que a diretora do local é quem garante o abastecimento de carne, legumes, verduras e leite. “A diretora é quem compra com o cartão de crédito dela carne e outras coisas para fazer a comida das crianças”.

Em relação a denúncia, também mostrada pelo Campo Grande News, de cobrança no valor de R$ 50 – para aquisição de brinquedos – por funcionárias do Ceinf Maria Dulce, no Jardim Noroeste, a Semed afirmou que irá investigar o caso. “Foi a primeira vez que ouvi isso. Vamos apurar, será aberta sindicância. Nenhum tipo de cobrança pode ser feita nos Ceinfs”, disse a secretária.

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