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Capital

Sem assistência, cadeirante não sai da cama há 1 semana e fica dias sem comer

Com perna amputada, pressão alta e doença gastrointestinal, homem não consegue levantar nem para ir ao médico

Dayene Paz e Cristiano Arruda | 23/09/2021 08:34
Há 4 dias, cadeirante não sai da cama. (Foto: Cristiano Arruda)
Há 4 dias, cadeirante não sai da cama. (Foto: Cristiano Arruda)

Há uma semana sem sair da cama e meses dentro de um quarto com menos de 10 metros quadrados, o cadeirante Carlos Roberto Magalhães, de 51 anos, vive em uma situação de abandono, no Bairro Moreninhas, em Campo Grande. O homem chegou a ficar 4 dias sem comer direito.

A situação é relatada pela ex-companheira de Roberto, a auxiliar de serviços gerais, Creuza Cardoso Ferreira, de 43 anos. Entre trabalho e casa, moradora do Jardim Noroeste, ela também divide o tempo nas idas para a Moreninha. "Trago uma refeição, limpo, mas não posso ficar vindo todos os dias", relata.

Roberto teve complicações de diabetes e precisou amputar a perna. Hoje, vive dependente de uma cadeira de rodas, que no momento, está estragada. Também tem pressão alta e doença de Crohn, uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal. "Ele está nessa situação há mais de um ano. Já tentei assistência social, a família dele, tentei de tudo", lamenta a mulher.

A situação se complica mais ainda por causa da doença, que está o prejudicando na alimentação. "Ele está há quatro dias sem comer, diz que nada para no estômago", conta. Creuza não tem condições de levá-lo ao médico. "Pedi para a médica do posto vir, mas ela diz que não pode. Já chamei Samu, Bombeiros e nada", destaca.

Roberto vive em edícula, com menos de 10 metros quadrados. (Foto: Cristiano Arruda)
Roberto vive em edícula, com menos de 10 metros quadrados. (Foto: Cristiano Arruda)

Por conta do problema na cadeira de rodas, há uma semana que Roberto não sai da cama. Da edícula, com pouco menos de 10 metros quadrados, ele não sai há meses. "Água e luz estão para cortar, não tenho dinheiro para pagar os remédios, mantenho como posso", lamenta a mulher.

Creuza conta que tem dois filhos com Roberto, que se mudaram para o Paraná há cerca de dois anos. "Eles tiveram que ir procurar emprego, chamaram o pai, mas ele não quis ir. O Roberto também tem cinco irmãos, que não aparecem".  A mãe de Creuza, ex-sogra de Roberto, também vai ao local por vezes, para ver a situação e tentar ajudar. "Ela é idosa, também não tem condições de ficar vindo todos os dias".

Sem respostas, a auxiliar de serviços gerais apela para uma medida assistencial dos órgãos competentes. "Ele é um ser humano, não posso deixar morrer à míngua, precisa de ajuda".

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social). Em resposta, o órgão disse que primeiro a responsabilidade é da família, caso a pessoa não esteja em situação de rua. Depois, caso não seja resgatado esse vínculo familiar, a SAS faz acionamento da rede de atendimento.

"A responsabilidade primeira é da família, é necessário um estudo psicossocial pelas equipes do CREAS e SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social), se estiver em situação de rua. É necessário entender o porquê ele se encontra nesta situação. O estudo social irá demonstrar os caminhos para intervenção futura e acionamento da rede de atendimento a partir das necessidades identificadas".

O órgão ainda salientou que a equipe do Creas Sul foi acionada para atender o caso.

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