Sem dinheiro, Jamal fica na Sesau e só tem diálogo contra greve
Admitindo que não há dinheiro para arcar com o reajuste dos médicos, o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Jamal Salém, garante que não vai pedir para sair do cargo e só conta com o diálogo para evitar a greve dos 1.400 médicos a partir de amanhã.
“Estou firme na secretaria. Estamos passando por turbulência, mas não é por aí. A equipe financeira está fazendo contas, levantamento. O diálogo está aberto e nada é impossível”, afirma Jamal.
Contudo, a turbulenta situação das finanças não permite avanço no quesito reajuste. “Estamos passando por uma fase economicamente muito difícil, não tem dinheiro no Tesouro”, reconhece o secretário.
Neste cenário, a greve dos médicos deve começar amanhã em Campo Grande. Segundo o presidente do SinMed/MS (Sindicato dos Médicos), Valdir Shigueiro Siroma, foi feita reunião na tarde de ontem, mas o quadro de reajuste zero segue inalterado. “O Jamal nos chamou para reunião, ficamos no aguardo de contraproposta, mas apenas disse que estava tentando. Ate o presente momento não retornou a ligação”, afirma Siroma.
Contudo, ele se mostra cético quanto a um acordo hoje, véspera da greve. A negociação vem desde 26 de janeiro e soma mais de 20 reuniões. Segundo o presidente do sindicato, a remuneração inicial é de R$ 2.580 e com cortes das gratificações, além dos descontos dos tributos, o pagamento será inferior a R$ 2 mil por 20 horas semanais. Com gratificações, o valor sobe para R$ 5 mil.
Conforme a Federação Nacional dos Médicos, o piso da categoria é de R$ 11.756 por 20 horas. Comparando ao valor pago na rede pública de saúde do município, o reajuste seria de 355% para alcançar o piso.
“Esse é o piso nacional. Mas o Executivo deveria na data base negociar pelo menos acima da inflação. Totalmente inviável manter o reajuste de índice zero”, afirma. Para cumprir a lei, 30% do profissionais devem manter os atendimento de urgência e emergências nas unidades 24 horas. “Chegamos no fundo. Cortaram tudo, sem outra alternativa”, afirma Siroma.
Plantão – Ontem, a Sesau revogou o plantão apelidado pelos médicos de “Cinderela”. Segundo o presidente do sindicato, os plantões das 19h às 7h começava com cinco clínicos, mas, a partir da 1 hora, o quadro era reduzido para três profissionais. O Cinderela é por conta da fábula infantil em que personagem vira abóbora após meia-noite. O modelo de plantão vigorou por dez dias.
“Ontem à tarde, eles revogaram esses plantões Cinderela. Voltou tudo o que era antes. Começa com cinco e a acaba com cinco”, diz Valdir Siroma.