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Capital

Sem salários há 6 meses, médicos PJs avaliam romper contratos com a Santa Casa

Profissionais em especialidades como ortopedia, anestesiologia, urologia e nefrologia podem deixar o hospital

Por Jhefferson Gamarra e Judson Marinho | 29/12/2025 15:35
Sem salários há 6 meses, médicos PJs avaliam romper contratos com a Santa Casa
Presidente do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana (Foto: Marcos Maluf)

Sem receber há quatro, cinco e até seis meses, médicos contratados como PJ (Pessoa Jurídica) que atuam na Santa Casa de Campo Grande avaliam encerrar a prestação de serviços ainda em 2025. O alerta foi feito pelo presidente do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana, em entrevista concedida na tarde desta segunda-feira (29), antes de uma reunião com a bancada federal do Estado para tratar da crise financeira que se arrasta há meses no maior hospital filantrópico de Mato Grosso do Sul.

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Médicos contratados como Pessoa Jurídica (PJ) na Santa Casa de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, avaliam encerrar a prestação de serviços devido a atrasos salariais que chegam a seis meses. A situação afeta especialidades estratégicas como urologia, ortopedia, nefrologia, cirurgia cardiovascular e anestesiologia.O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul busca soluções junto à bancada federal para evitar o colapso dos atendimentos. A crise também atinge enfermeiros e servidores administrativos, que já realizaram greve pelo não pagamento do 13º salário. O Conselho Regional de Medicina alerta para o risco de desassistência por falta de insumos e profissionais.

De acordo com o dirigente sindical, a situação atinge diversas especialidades estratégicas, como urologia, ortopedia, nefrologia, cirurgia cardiovascular e anestesiologia, todas fortemente dependentes de profissionais contratados via pessoa jurídica, que acumulam meses de atraso nos pagamentos.

“Convidamos o doutor Geraldo Resende, doutor Luiz Ovando, doutor Nelson Trad. Principalmente por causa da questão dos PJs. Esses PJs da Santa Casa, que incluem a urologia, a ortopedia, a nefrologia, a cirurgia cardiovascular, essas especialidades não estão recebendo ainda pela pessoa jurídica, algumas há quatro, cinco e seis meses”, afirmou Marcelo Santa. O objetivo é ouvir a categoria e buscar alternativas junto à administração hospitalar e aos entes públicos para evitar o colapso dos atendimentos.

Segundo o presidente do Sinmed-MS, o risco iminente não é apenas de paralisação pontual, mas de encerramento definitivo da prestação de serviços por parte de alguns grupos médicos.

“Nós estamos principalmente fazendo essa reunião com a bancada federal para que a gente possa tentar chegar numa solução, com a ajuda da bancada, para normalizar esse serviço. Porque muitos desses serviços, inclusive, já anunciaram que vão fazer paralisação. Não paralisação de greve, mas suspensão e sair do serviço. Seria uma finalização da prestação de serviços, o que traria um impacto muito pesado para a Santa Casa e para a população aqui do nosso Estado”, alertou.

Marcelo Santa reforçou que a saída de médicos PJ não é uma decisão simples, mas tem sido considerada diante da recorrência dos atrasos e da falta de previsibilidade. “É uma reunião em conjunto, com todos, para que a gente possa tentar chegar no denominador comum, uma solução de todas essas situações que a gente está passando”, completou.

Questionado sobre o número de profissionais que podem ser afetados, o presidente do sindicato explicou que o impacto varia conforme a especialidade, mas destacou que algumas áreas contam com grande contingente de médicos contratados como PJ.

“Então, é muito variável. Porque tem especialidades com um número muito maior de médicos, como, por exemplo, a ortopedia. Então, a ortopedia e a anestesiologia, por exemplo, têm um contingente muito grande de médicos que fazem parte das pessoas jurídicas. Então, com certeza essa questão, se vier a ter um desfalque, vai ser uma situação muito grave para toda a população daqui do Estado. A gente precisa tentar chegar nessa conciliação”, ressaltou.

A crise na Santa Casa ocorre em meio a uma série de conflitos trabalhistas. Além dos médicos, enfermeiros e servidores administrativos também enfrentaram atrasos salariais e chegaram a deflagrar greve por conta do não pagamento do 13º salário. Embora parte da paralisação tenha sido encerrada após acordo parcial, o cenário segue instável.

Até o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) já emitiu alerta para o risco de desassistência, citando falta de insumos, medicamentos e profissionais. O MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul), por sua vez, chegou a defender a penhora de bens da Santa Casa de Campo Grande e, de forma subsidiária, do patrimônio dos diretores, para garantir o pagamento de direitos trabalhistas.