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Capital

Sem ver policiamento, motoristas deixam trânsito nos bairros bem mais perigosos

Região central não é mais principal preocupação do policiamento de trânsito, que promete priorizar os bairros

Por Jéssica Fernandes | 28/05/2024 11:21
Corsa Classic bateu em poste que fica no canteiro na Avenida Gunter Hans, no Bairro Tijuca.
Corsa Classic bateu em poste que fica no canteiro na Avenida Gunter Hans, no Bairro Tijuca.

A região Central de Campo Grande não é mais a principal preocupação sobre infrações, acidentes e imprudências no trânsito. O tenente-coronel do BPMTran (Batalhão da Polícia Militar de Trânsito), comandante Carlos Augusto Regalo alerta que os bairros viraram cenário para essas e outras ocorrências graves, pela percepção de que não há policiamento nesses locais.

Casos que antes eram vistos somente na região central da Capital hoje são comuns em regiões afastadas. “É nos bairros que se concentram hoje a grande quantidade de pessoas. Você tem nos bairros situações que antes existiam somente no centro da cidade”, reforça

Uma das situações mais recorrentes envolve o ‘costume’ do condutor estacionar o carro em meio-fio rebaixado em frente a residências ou próximo a cruzamentos. Mas o tenente-coronel relata que se vê de tudo durante as fiscalizações nesses locais, principalmente, veículos irregulares.

“A gente encontra veículos que nunca foram emplacados, estão há mais de dez anos sem serem emplacados. Temos em Campo Grande uma incidência de veículos ‘bob’ onde o a quantidade de multas é bem maior que o valor do carro.  A gente encontra motocicleta com 25 mil reais de débito e que o valor venal é R$ 2 mil”, diz.

Conforme o comandante, condutores e motociclistas que transitam em bairros comentem irregularidades por acreditarem que não serão punidos pela lei. A sensação de impunidade inclusive faz as pessoas serem reincidentes em infrações, como transitar acima da velocidade permitida.

Na semana passada, um ciclista de 16 anos fmorreu por desrespeitar o pare e ser atropelado por uma caminhonete no Bairro Jardim das Perdizes.

No mês passado, uma motocicleta em alta velocidade perdeu o controle ao fazer a conversão para sair da Avenida Nelly Martins e entrar na Rua Rio Negro. Ela faleceu após atingir um poste. 

Os dados do BPTran apontam que Campo Grande registrou nesses últimos cinco meses 4423 mil acidentes de trânsito. Desses, 1598 pessoas saíram lesionadas e outras 25 faleceram. A média de acidente é 30 por mês.

Motociclista sofreu acidente ao fazer conversão proibida na Avenida Eduardo Zahran.
Motociclista sofreu acidente ao fazer conversão proibida na Avenida Eduardo Zahran.

Como os dados abrangem as sete regiões da cidade, o tenente-coronel explica que não é possível definir em quais locais ocorrem mais acidentes. “A cidade de Campo Grande se pulverizou em questão do trânsito. Então hoje não existe mais um local onde se pode dizer: ‘aqui acontece mais acidente’. O problema do trânsito é pulverizado”, destaca.

Regalo classifica o trânsito da Capital como violento. Apesar dos acidentes com vítimas fatais representarem ‘o limite da violência’, outros casos revelam a gravidade do cenário. “Temos um grande número de acidentes onde as pessoas ficam incapacitadas, ficam meses sem trabalhar, sofrem perda de massa encefálica, tem traumatismo craniano. Enfim, tem pessoas que ficam inválidas devido aos acidentes”, fala.

Em exemplos assim, os acidentes impactam todo o sistema de saúde, desde a prioridade no atendimento à ocupação de um leito no hospital.

Com 600 mil veículos registrados em Campo Grande, os acidentes fazem parte do cotidiano da cidade. Mesmo assim, o número poderia ser menor se as pessoas tivessem atitudes diferentes.

“Os acidentes vão acontecer, mas se a gente diminuísse a velocidade, andasse com tranquilidade, no dia seguinte a gente estaria lamentando por uma lanterna quebrada, mas não uma vida”, diz.

É possível conferir a entrevista completa com o tenente-coronel do BPMTran Carlos Augusto Regalo no Podcast 'Na Íntegra' do Campo Grande News. Clique aqui e ouça

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