ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 30º

Capital

Sete anos depois, polícia conclui inquérito sobre quem mandou matar delegado

Investigação reaberta este ano concluiu que morte foi encomendada. Autores do crime estão foragidos.

Marta Ferreira | 01/09/2020 21:00
Cena do crime. Paulo Magalhães, delegado aposentado, executado ao buscar a filha na escola, em 2013. (Foto: Arquivo Campo Grande News)
Cena do crime. Paulo Magalhães, delegado aposentado, executado ao buscar a filha na escola, em 2013. (Foto: Arquivo Campo Grande News)

Quatro meses depois da reabertura autorizada pela Justiça Estadual, em abril deste ano, foi concluído pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul o inquérito para investigar os mandantes da execução do delegado aposentado Paulo Magalhães, ocorrida há 7 anos . Ele foi fuzilado, aos 57 anos, quando buscava a filha na escola, no Jardim dos Estados, em Campo Grande, no fim da tarde de 25 de junho de 2013.

Em 2018, o pistoleiro José Moreira Freires  foi condenado  como executor do assassinato, mas não foram apontados os autores da encomenda. Ele está foragido e figura na lista dos criminosos mais procurados do País.

Conforme a investigação jornalística apontou, para as autoridades responsáveis pela operação Omertà, “Zezinho" agiu a mando dos chefes da organização criminosa alvo da ação, Jamil Name e Jamil Name Filho. Pai e filho foram indiciados agora como autores do mando do homicídio.

Na conclusão da peça investigatória, o ex-deputado estadual Jerson Domingos, atual conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), cunhado de Jamil, também é indiciado pela Polícia.

Todos foram alvos, em junho, de mais uma fase de Omertà, quando Jerson chegou a ser preso e teve o celular apreendido. Ele foi solto um dia depois. No aparelho, segundo levantado, há conversas que colocam Domingos como envolvido na execução.

O entendimento levado à justiça é de que a execução do delegado teve seis envolvidos comprovados.

"À vista das provas e elementos apresentados, entendemos que os responsáveis imediados pelo homicídio de Paulo Magalhães Araújo foram: José Moreira Freires, Rafael Leonardo dos Santos e Antônio Benites Cristaldo, enquanto que os autores mediatos do crime, ou seja, quem tinha interesse em ver a vítima morta e pagaram pela sua execução foram: Jamil Name, Jamil Name Filho e Jerson Domingos", diz trecho do inquérito policial.

O advogado de Domingos, André Borges, foi procurado para falar do caso e não foi localizado. O defensor de Jamil Name, Tiago Bunning, disse não ter conhecimento da acusação.

Antônio Benites Cristaldo chegou a ser julgado e foi absolvido. Rafael Leonardo foi executado após o crime e teve o corpo mutilidado e jogado no lixão.

Todo o procedimento corre em sigilo. A força-tarefa da Polícia Civil é integrada por cinco delegadas, sediada no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo, Assaltos e Sequestros). O Gaeco (Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado) é o responsável pelo trabalho no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

José Moreira Freires e Juanil Miranda Lima, em material da operação Omertà, que investiga milícia armada. (Foto: Reprodução de peça processual))
José Moreira Freires e Juanil Miranda Lima, em material da operação Omertà, que investiga milícia armada. (Foto: Reprodução de peça processual))

Andamento - A reportagem confirmou que o  inquérito está relatado, desde a semana passada, ou seja, foi enviado para apreciação do MPMS, responsável por oferecer a denúncia criminal por homicídio doloso. Depois dessa fase, o caso vai para a análise do magistrado responsável, Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Aluízio foi o responsável pelo processo que condenou os executores, a 18 anos de reclusão. “Zezinho” e Juanil também  são réus pelo assassinato de Matheus Coutinho Xavier, atribuído à organização criminosa investigada na Omertà. O jovem, de 21 anos, foi morto por engano, já que o alvo era o pai, o capitão reformado da Polícia Militar, Paulo Roberto Teixeira Xavier, desafeto da família Name.

Como os dois estão foragidos, o processo em relação a eles está suspenso. Os outros envolvidos, entre eles Jamil Name e Jamil Name Filho vão ser levados a júri  em 28 de outubro. ai e filho estão desde o ano passado na penitenciária federal de Mossoró (RN), no regime mais rígido de cumprimento de prisão preventiva, quase sem contato com outras pessoas.

Julgamento no STF - Name teve mais um pedido de habeas corpus julgado pela 1ª Turma Criminal do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (1). A solicitação de transferência para o sistema prisional estadual, que havia sido concedida em liminar do ministro Marco Aurélio, foi rejeitada por quatro votos a 1. Mesmo que fosse concedida, Name tem outra ordem determinando a permanência em Mossoró, em razão da descoberta de plano de atentado a autoridades responsáveis pela Omertà.

A operação foi deflagrada em setembro do ano passado e, desde então, já foi responsável por identificar cerca de 50 pessoas envolvidas com duas milícias armadas, uma em Campo Grande, e outra em Ponta Porã, cujo principal nome é do empresário Fahd Jamil, hoje foragido, junto com o filho, Flavio Jamil Georges.

Nos siga no Google Notícias