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Capital

Situação deplorável: idosa acorrentada pelo filho sofria maus-tratos há 8 anos

Imagens mostram como era a casa onde mulher foi resgatada no Jardim Aeroporto

Ana Oshiro e Mariely Barros | 29/09/2022 10:57
Casa onde idosa era mantida em cárcere, pelo próprio filho, é tomada de lixo (Foto: Direto das Ruas)
Casa onde idosa era mantida em cárcere, pelo próprio filho, é tomada de lixo (Foto: Direto das Ruas)

Resgatada na madrugada desta quinta-feira (29), a idosa de 74 anos que era mantida presa e acorrentada pelo próprio filho, de 35, sofre com maus-tratos desde 2014, de acordo com vizinhos. A situação aconteceu no Jardim Aeroporto, em Campo Grande, e o homem foi preso em flagrante pela Polícia Militar.

O Campo Grande News recebeu imagens do interior da residência, que está tomada por fezes dos 15 gatos que moram no local e de lixo. Praticamente sem móveis, a idosa dormia no chão e a única cama, de solteiro, era usado pelo autor das agressões. Confira o vídeo abaixo.

"Moro aqui desde 2014 e sempre foi assim, ele bate muito nela, xinga o tempo todo e já foi preso outras vezes, mas no outro dia tava aí de novo, agredindo ela", contou uma vizinha de 63 anos, pensionista, que, por medo, pediu para não ser identificada.

De acordo com ela, no último sábado a idosa chegou a ser arrastada pelos cabelos. "Ela gritava por socorro 24h por dia, no sábado ele tava arrastando ela pelo cabelo e gritando pra gente chamar a polícia, falando que não ia ficar preso porque é doido. Não deu outra, a gente chamou a PM, ele foi levado, mas no domingo cedo tava batendo nela de novo", conta a vizinha da vítima.

Elisângela, vizinha da idosa, conta que ela era ameaçada de morte diariamente (Foto: Henrique Kawaminami)
Elisângela, vizinha da idosa, conta que ela era ameaçada de morte diariamente (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo outros moradores, o homem tem laudo de esquizofrenia, mas não usa os remédio controlados e está sempre sob efeito de drogas. "Ele atormenta todo mundo aqui, sai com pedaço de pau batendo nos muros e portões. Tem mais de 10 boletins de ocorrência dos vizinhos por importunação", contou a pensionista, acrescentando que o homem é filho adotivo da idosa há cerca de 15 anos.

Cuidadora de idosos e vizinha da vítima, Elisângela de Souza, de 43 anos, contou que viu o homem retirando vários móveis da casa para trocar por drogas e que a vítima já havia tentando internar o filho várias vezes, mas ele sempre fugia. A idosa não saia de casa sozinha, nas raras vezes que era vista na rua, estava sempre acompanhada do filho.

Idosa ficava trancada em casa e só saia acompanhada do filho (Foto: Henrique Kawaminami)
Idosa ficava trancada em casa e só saia acompanhada do filho (Foto: Henrique Kawaminami)

"Ela pedia pra ele não levar as coisas da casa embora, mas ele trocou tudo por drogas. Quando ele era internado no Caps (Centros de Atenção Psicossocial), fugia pelo muro e voltava pra bater nela. Ele sempre ameaçava ela de morte, dizia que ia enterrá-la no quintal", conta Elisângela.

De acordo com ela, a idosa tem outro filho, que vive em Ponta Porã, mas nunca aparece, e tem também três irmãos, sendo duas mulheres e um homem. "Os irmãos dela vinham aqui, ajudavam a limpar, cozinhavam e ficavam com ela, mas o filho adotivo dela começou a ameaçar eles, aí pararam de vir. A casa é de outro irmão dela, que já faleceu", contou a cuidadora de idosos.

Banheiro da residência sem condições de uso (Foto: Direto das Ruas)
Banheiro da residência sem condições de uso (Foto: Direto das Ruas)

Conforme o depoimento da idosa, na noite desta quinta-feira o filho chegou em casa, abriu o quarto onde ela era mantida trancada e começou com as agressões, dizendo que a mataria. Ela conseguiu fugir até o portão e gritou por socorro. A mulher estava com ferimentos no pescoço e escoriações nas pernas, já o autor não tinha nenhuma lesão.

Segundo a polícia, já existiam vários registros de violência doméstica contra o homem, sempre com a própria mãe sendo a vítima. Ele vai responder por lesão corporal, ameaça e maus-tratos, todos com agravante de violência doméstica, e também por resistir à prisão.

Casa estava praticamente sem móveis, vendidos para manter vício do agressor (Foto: Direto das Ruas)
Casa estava praticamente sem móveis, vendidos para manter vício do agressor (Foto: Direto das Ruas)


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