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Capital

Testemunhas da morte de empresário começam a ser ouvidas pela polícia

Jovem que conversou com vítimas em casa noturna onde festejavam aniversário de adolescente será a primeira a prestar depoimento

Rafael Ribeiro | 03/01/2017 12:45
Garota que conversou com vítimas em balada antes do ocorrido prestará depoimento (Foto: Simão Nogueira)
Garota que conversou com vítimas em balada antes do ocorrido prestará depoimento (Foto: Simão Nogueira)

A Polícia Civil de Campo Grande vai ouvir na tarde desta terça-feira (3) a primeira testemunha da morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, morto a tiros pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 46, no último sábado, após briga de trânsito na avenida Ernesto Geisel.

Segundo a delegada Daniella Kades, do 1º DP (Centro), responsável pelo caso, a primeira oitiva será de uma jovem que conversou com Nascimento e os amigos sobreviventes, o supervisor comercial, Agnaldo Espinosa da Silva de 48, e seu filho, de 17, em uma casa noturna onde passaram a madrugada comemorando o aniversário do adolescente.

“Ela é a única pessoa citada no boletim de ocorrência. Além disso, nosso objetivo é refazer todos os passos deles no dia”, apontou Kades.


O adolescente foi baleado nas pernas e já recebeu alta médica. Já o pai dele, que quebrou o braço esquerdo e teve escoriações pelo corpo, continua internado. Ambos foram ouvidos inicialmente na Santa Casa, onde receberam atendimento médico, e prestarão novo depoimento formal para confirmar ou não as informações passadas.


Para a delegada é fundamental entender em que condições ocorreu a discussão, como foi a abordagem de Moon e a reação das vítimas e ver se é possível e plausível ter ocorrido o que foi explicado nos depoimentos.


“Queremos descobrir tudo, quem ligou para ambulância, quem acionou a Polícia Militar, quem filmou, quem divulgou o vídeo, quem viu o ocorrido. Todos precisam ser ouvidos para traçarmos, exatamente, o que aconteceu”, disse a delegada.

Segundo Kades, Moon deverá ser ouvido novamente após os resultados da perícia. Com os laudos em mãos, a delegada diz que investigará direção dos disparos, altura dos envolvidos e indícios se foi ou não legítima defesa.

Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele fez pelo menos sete tiros contra a Hilux branca do empresário.


Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, foi atingido três vezes, duas no peito e uma no pescoço. Morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste.


O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.


Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.


Liberdade - Apesar de indiciado pela Polícia Civil, Moon responderá o processo em liberdade após a Justiça negar neste domingo (1) o pedido de prisão preventiva por 30 dias. O policial está proibido de viajar e tem de passar as noites em casa.

A Corregedoria da PRF também investiga o caso. Afastou Moon de suas atividades, apreendeu sua arma de trabalho e fará uma perícia própria dos fatos.

A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil) divulgou nota nesta segunda-feira (2) prometendo procurar o CNJ (Conselho nacional de Justiça) contra a decisão do judiciário de conceder a liberdade provisória ao policial, coreano naturalizado brasileiro, ex-policial civil em São Paulo e campeão em competições de tiro.

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