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Capital

Tia lembra de Bruna como boa mãe e diz que rotina mudou no dia do assassinato

Amigos chamaram atenção para "desconfiança" sobre o namorado, que estava com Bruna na noite do crime

Dayene Paz e Bruna Marques | 03/09/2021 10:21
Velório foi marcado por comoção nesta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)
Velório foi marcado por comoção nesta manhã. (Foto: Henrique Kawaminami)

Trabalhando há 10 dias em uma loja de acessórios para celular, Bruna Moraes Aquino, de 22 anos, estava realizada com o novo emprego e planejava o aniversário da avó, momentos antes de ser atingida por tiros na noite de quarta-feira (1º). "Alegre e vaidosa", a jovem fazia amigos por onde passava e assim é lembrada pela família e amigos, que deram um último adeus na manhã desta sexta-feira (03).

A tia da jovem, Bruna Moraes, de 32 anos, contou que há 10 dias, a sobrinha tinha começado no emprego novo. "Estava feliz, vivia arrumada, era vaidosa, alegre, de muitos amigos e uma boa mãe", lembra a tia, que descreve um amor maternal pela sobrinha. "Ajudei a cuidar dela, morava comigo e com meu marido".

No dia do crime, a tia lembra que algo fugiu da rotina. "Ele [namorado] pegava os filhos dele, depois a Bruna e em seguida, pegavam a neném na minha casa (filha de Bruna). Nesse dia, ele não pegou o filho e ela não veio pegar a neném", fala ao rever a última mensagem "tá bom tia", às 18h. "Falei 'vamos esperar a Brunar', porque íamos comer cachorro quente e também estávamos combinando o aniversário da minha mãe. Mas 18h35, ele ligou gritando", conta sobre a reação do namorado no dia do crime.

Tia pede justiça durante velório de Bruna. (Foto: Henrique Kawaminami)
Tia pede justiça durante velório de Bruna. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ewerton Fernandes da Silva, de 34 anos, ligou para a tia da Bruna logo depois dos tiros. "Ele gritava 'acertaram a gente, a Bruna não responde', eu fiquei desesperada". A tia então foi atrás e poucos minutos, quando conseguiu encontrar o rapaz, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), recebeu a notícia da morte da sobrinha.

Agora, ao olhar para a filha de Bruna, uma menina de dois anos, a tia pede justiça. "Ela era muito parecida comigo, dividíamos roupas, sapatos, eu estou sofrendo muito e só quero justiça".

Colega de trabalho de Bruna, uma vendedora de 25 anos disse que havia a conhecido recentemente. "Ela era bem espontânea, alegre, estava dando graças a Deus que sobreviveu ao tiro de raspão", comentou. A colega afirma que Bruna sempre falava da filha, mas era de poucas palavras sobre seu relacionamento. "Ela sempre falava da filha, no dia do crime, tinha comprado um chinelo novo para presentear a neném, mas do relacionamento ela não falava muito".

Outro amigo, que também preferiu não se identificar, comentou que desde o início do relacionamento de Bruna e Ewerton, amigos ficaram com receio. "Ele cresceu no bairro com todo mundo, mas todos ficaram com receio quando começaram a se envolver, porque sabia que era violento com a ex-mulher, que não era um bom rapaz para namorar", disse.

Bruna em imagem postada no Facebook.
Bruna em imagem postada no Facebook.

A morte – De acordo com o registro policial, Bruna estava com o namorado Ewerton Fernandes da Silva, de 34 anos, em um Volkswagen Gol prata, quando um homem, ainda não identificado, usando roupas escuras e capacete, se aproximou do veículo a pé, parou do lado da porta do passageiro e disparou contra o casal.

O namorado de Bruna contou à polícia que percebeu que havia sido atingido de raspão no braço e, logo em seguida, viu a jovem inconsciente, sangrando muito, por isso, acelerou o carro e foi para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário. Segundo o depoimento de Ewerton, foram três ou quatro disparos.

Bruna chegou sem vida na unidade de saúde e a polícia foi chamada pelos funcionários da UPA. Na delegacia, Ewerton disse aos policiais que não sabia quem seria o autor dos disparos, mas contou que três dias atrás, entre os dias 29 e 30 de agosto, ele e Bruna foram perseguidos por dois homens em uma moto, que atiraram contra o carro, depois de confusão em casa noturna na Av. Ernesto Geisel com a Av. Salgado Filho.

Passagens – Conforme apurado pela equipe de reportagem, Ewerton possui várias passagens pela polícia entre 2007 e 2019. O homem soma registros de violência doméstica (2007, 2011, 2013), calúnia (2008), roubo majorado pelo emprego de arma (2008), violação de domicilio (2011), lesão corporal (2014), furto (2014), tráfico de drogas (2017) e dano (2019). Por duas vezes – em 2008 e 2017 –, foi preso em flagrante.

A Polícia Civil investiga se o crime pode ter ligação com a extensa ficha criminal do namorado e se teria sido motivado por vingança.

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