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Capital

"Tinha acabado de se formar e queria salvar vidas", diz mãe de jovem assassinada

Karolina e o colega de trabalho foram mortos a tiros pelo ex da jovem, que não aceitava o fim

Dayene Paz e Viviane Oliveira | 03/05/2023 11:05


Patrícia, mãe de Karolina, conversou com a reportagem nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)
Patrícia, mãe de Karolina, conversou com a reportagem nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)

Karolina era uma menina sorridente, cheia de vida. Mas que teve o fim imposto pelo ex-namorado, que não aceitava o fim do relacionamento. Aos 22 anos, foi morta a tiros na porta de casa, onde morava com a família, com quem compartilhava o sucesso de ter se formado em técnico de enfermagem. "Ela queria salvar vidas", disse emocionada a mãe de Karol, Patricia da Silva Leite.

A jovem e o colega de trabalho, Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, foram assassinados pelo ex-namorado de Karolina, Messias Cordeiro, 25, que não aceitava o fim do relacionamento. Eles chegavam no imóvel do Jardim Colibri, em Campo Grande, quando foram surpreendidos pelo assassino, no domingo (30). Luan morreu na hora e Karolina chegou a ser socorrida, mas teve a morte encefálica constatada ontem (2).

Mãe de Karol segurando terços e outros itens religiosos. (Foto: Marcos Maluf)
Mãe de Karol segurando terços e outros itens religiosos. (Foto: Marcos Maluf)

Rodeada de familiares vestidos de branco durante o velório, na manhã desta quarta-feira (3), Patricia tenta ter forças e lembra da filha com carinho. "Era uma menina feliz, sorridente, adorava viver entre amigos e família". A conclusão do curso era só o início do sonho. "Trabalhava muito e começou o bico à noite, na pizzaria, porque precisava de dinheiro para pagar o Coren (Conselho Regional de Enfermagem)", comenta a mãe.

Agora, o único pedido da família é justiça. "Eu falo por mim e pela mãe do Luan, que também infelizmente está passando por isso. Um crime desses não pode ser reparado de nenhuma forma, vamos lutar por justiça", disse a mulher.

O padrasto de Karol, o autônomo Luiz Henrique de Azamor Torres, de 37 anos, contou que a família desconhecia qualquer ameaça que a menina sofria. "Ela queria nos proteger e a gente não sabia o que estava acontecendo", lamenta. Ele se limitou a dizer sobre o relacionamento do casal.

Luiz Henrique, padrasto de Karolina. (Foto: Marcos Maluf)
Luiz Henrique, padrasto de Karolina. (Foto: Marcos Maluf)

Luiz conta que Karolina era de sorriso fácil e gostava de estar com os parentes. "Esse fim de semana seria o último que iria trabalhar, porque ela e a mãe iriam começar a fazer maquiagem em casa e já tinham comprado os produtos. Ela era nossa estrela e vai continuar sendo".

A artesã Iaci Azamor, de 60 anos, mãe de Luiz e avó de coração de Karolina, não conteve a emoção. Ela conheceu a menina quando ainda tinha 12 anos. "Uma estrela que brilhou em nossas vidas, muito cheia de vida", conta ao lembrar da última vez que a viu. "Foi em abril, quando comemorou o diploma, foi o momento de vitória dela".

Iaci lembra com carinho da neta que vai levar no coração. (Foto: Marcos Maluf)
Iaci lembra com carinho da neta que vai levar no coração. (Foto: Marcos Maluf)

Entenda - O namoro entre Karolina e Messias teve fim há cerca de uma semana e meia antes do crime. Conforme a investigação, ele não aceitava o fim do namoro. Karolina, por sua vez, havia se formado em técnico de enfermagem e estava trabalhando em uma pizzaria, no Bairro Guanandi, onde conheceu Luan.

Luan já era conhecido no estabelecimento, onde estava há cerca de três anos. Querido por todos e preocupado, acompanhava Karolina em casa por algumas vezes, porque ela pedia, já que relatava medo do ex-namorado.

Assim que Luan a deixava na frente do imóvel, no Jardim Colibri, Messias abordava a ex e questionava sobre outros relacionamentos amorosos. Na madrugada do dia 30 de abril, foi armado e ficou de tocaia em frente à casa da ex-namorada.

Quando Karolina chegou, Messias alega que foi tomado por uma raiva incontrolável ao ver, segundo ele, um beijo entre Luan e ela. Então, efetuou os tiros. Luan morreu na hora, em frente à casa da jovem, sem chance de socorro. Karolina recebeu primeiros atendimentos dos próprios vizinhos, foi socorrida, mas teve morte encefálica constatada na tarde desta terça-feira (2).

Após o crime, Messias chegou a ligar para a mãe de Karolina, confessando. Também mandou mensagens de áudio. "Queria saber como ela tá? (sic)". Em seguida, afirma para a mulher que atirou na filha dela.

Antes mesmo de se entregar à polícia, na noite de domingo, a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) já havia pedido a prisão preventiva dele, que foi deferida pela Justiça. Messias responderá por homicídio qualificado pelo motivo fútil, emboscada e impossibilidade de defesa da vítima, no caso de Luan. Já de Karolina, responderá por feminicídio.

A arma, adquirida ilegalmente, foi localizada no dia do crime, escondida no chiqueiro da chácara do pai de Messias. O pai, por sua vez, guardava em casa uma espingarda modificada e foi preso em flagrante. Ele pagou fiança e já foi solto.

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