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Capital

Vereador investigado por agiotagem reaparece e propõe acareação com vítima

Ademir Santana foi interrogado no Garras em inquérito que o põe como integrante de organização chefiada por Jamil Name

Marta Ferreira e Liniker Ribeiro | 08/10/2020 20:04
O vereador Ademir Santana (PSDB) na saída do interrogatório nesta tarde no Garras, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)
O vereador Ademir Santana (PSDB) na saída do interrogatório nesta tarde no Garras, em Campo Grande. (Foto: Kísie Ainoã)


Investigado por participação em esquema de agiotagem, lavagem de dinheiro e extorsão armada de devedores de empréstimos a juros fora da lei, o vereador Ademir Santana (PSDB) foi interrogado nesta tarde à força-tarefa de delegados da Polícia Civil responsável pelos trabalhos da “Operação Omertà”. A ação investiga milícia armada sob chefia do empresário Jamil Name e do filho dele, Jamilzinho, presos desde setembro do ano passado.

Santana chegou por volta 17h00 no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), começou a ser ouvido por volta das 17h30 e saiu às 19h. Desde ontem quando dois imóveis em seu nome foram alvo de busca e apreensão na fase 5 da operação, a “Snowball”,  a cargo do Garras e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), o parlamentar não havia se manifestado.

Depois de 1h30, deixou a delegacia negando as acusações.  Disse estar pronto para acareação com o empresário José Carlos de Souza, que teve imóvel no Bairro Monte Líbano “tomado” pelo grupo criminoso como forma de pagamento de empréstimo milionário, de acordo com o inquérito.

Na chegada ao Garras, Santana conversou brevemente com a reportagem do Campo Grande News. “Estou pronto para esclarecer os fatos”, afirmou. Ao sair, deu novas declarações.

Não tenho qualquer relação com o que estão me cobrando. Não tenho conhecimento de extorsão nenhuma”, disse.

A representação feita pelo Garras à Justiça, em abril deste ano, descreve Ademir Santana como motorista responsável por levar José Carlos de Souza e a esposa à casa de Jamil Name, onde foram ameaçados sob mira de arma.  Houve até pedido de prisão dele, negado pelo magistrado Oliver Coneglian, da 2ª Vara Criminal.

Nunca fui motorista. Em 2017, época em que isso foi apontado, eu já cumpria mandato como vereador”, alegou o parlamentar.

O documento porém relata que os fatos vêm desde de 2012 e 2013,  afirma que o investigado atuava como motorista dos Name e também diretor na empresa de títulos de capitalização da família.

O imóvel em questão, no Monte Líbano, é o mesmo onde foi apreendido em maio do ano passado arsenal bélico atribuído à organização criminosa alvo da Omertà.

Sobre o empresário que denunciou a extorsão armada, Ademir disse que já o viu. “Mas não é meu amigo, ou conhecido.”

Campanha –  Candidato à reeleição, disse que seguirá na tentativa de manter a vaga na Câmara de Campo Grande, onde participou da sessão desta manhã normalmente.

“Nada me abala, pelo contrário, me dá mais força para ganhar a eleição e representar meu povo”, declarou.

A advogada Andrea Flores, que acompanhou o vereador na ida à Delegacia. (Foto: Kísie Ainoã)
A advogada Andrea Flores, que acompanhou o vereador na ida à Delegacia. (Foto: Kísie Ainoã)


O vereador estava acompanhado das advogadas Rejane Alves de Arruda e Andrea Flores. Rejane reforçou o conteúdo das falas dele.

É plenamente impossível ser apontado como a pessoa que teria contribuído para eventual extorsão”, afirmou.

Andrea complementou que foram entregues documentos à força-tarefa e que se o cliente for denunciando “vai exercer ampla defesa”.

E o partido? – O PSDB, ao qual Santana se juntou este ano, divulgou nota afirmando estar acompanhando a situação do filiado.

A legenda está à disposição do correligionário e seguirá atenta a sequência do procedimento”, diz o texto assinado pelo presidente municipal, João Cesar Mattogrosso.

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