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Cidades

Depoimento confirma sumiço de dólares na vara comandada por Odilon

Agente revela desaparecimento de 250 mil dólares e total descontrole na administração do juiz aposentado

Anahi Zurutuza | 23/10/2018 15:42
Jânio Alves de Souza, servidor da Justiça Federal que atuava como agente de segurança da 3ª Vara Federal, ao prestar esclarecimentos (Foto: Reprodução)
Jânio Alves de Souza, servidor da Justiça Federal que atuava como agente de segurança da 3ª Vara Federal, ao prestar esclarecimentos (Foto: Reprodução)

Em depoimento colhido pela Justiça Federal e que vazou nesta última semana, o agente de segurança Jânio Alves de Souza, testemunha em ação penal que tramita na 5ª Vara Federal contra Jedeão de Oliveira, ex-diretor de secretaria da 3ª Vara Federal de Campo Grande, detalha sumiço de 250 mil dólares acautelados e revela a falta de controle sobre bens e dinheiro apreendidos. A vara foi comandada até um ano atrás pelo juiz Odilon de Oliveira, que aposentou-se em outubro de 2017 para disputar o governo de Mato Grosso do Sul.

O processo tramita em segredo de Justiça, mas o vídeo contendo trechos do depoimento de Jânio Alves de Souza, que atuava como agente de segurança na 3ª Vara, está circulando pelo WhatsApp.

O servidor conta que a mando de Odilon de Oliveira foi algumas vezes ao interior para buscar valores apreendidos de organizações criminosas, apreendidos por ordem judicial. “Eu fiz algumas viagens para o interior do Estado, Ponta Porã, Dourados, Três Lagoas e até Corumbá. Por ordem do Dr. Odilon, com ofício em mãos, fui buscar valores na Caixa Econômica e salvo engano, em Corumbá, eu busquei na Receita Federal”.

No mesmo depoimento, o funcionário diz que entregava o dinheiro nas mãos de Jedeão, mas que não registrava o recebimento. “Eu buscava o dinheiro, entregava em mãos para o Jedeão, mas eu não tinha essa cautela de fazer certidão. Mas assim, a gente cumpria a missão e entregava na mão dele”.

Cofres – O agente de segurança conta também sobre como era o armazenamento dos bens oriundos de apreensões, mais uma evidência da “bagunça”. “A gente tinha uma sala-cofre e um cofre pequeno” (...) “À sala-cofre, a Claudia e o Jedeão. O cofre pequeno só o Jedeão tinha acesso”, conta.

Neste ponto, o servidor diverge do depoimento do próprio juiz Odilon à Justiça Federal. O magistrado, quando ouvido na ação contra o ex-diretor da 3ª Vara, disse que só ele e outra servidora tinham a senha do cofre que ele chama de pessoal, contradizendo a versão do funcionário.

Juiz Odilon de Oliveira quando prestou depoimento em processo contra funcionário da 3ª Vara (Foto: Reprodução)
Juiz Odilon de Oliveira quando prestou depoimento em processo contra funcionário da 3ª Vara (Foto: Reprodução)

Sumiço de dólares – O agente de segurança também conta o que diz saber sobre o desaparecimento de 250 mil dólares que estavam sob a guarda da vara de Odilon, mas dá uma explicação confusa.

“A Caixa Econômica informou que seriam removidos todos os valores enumerados, todas as coisas acauteladas pra agência centro”, detalha, completando que não saber afirma se o magistrado ou o diretor pediram para que o pacote com os dólares permanecessem na vara.

“Só que a Caixa não leva dinheiro na vara, alguém foi buscar esse dinheiro na agência da Justiça Federal e este foi um dos valores que sumiram”, completa.

Veja:

Ação penal – Jedeão de Oliveira é acusado de ter desviado dólares apreendidos por ordem do juiz federal, agora aposentado.

A ação cobra R$ 10,6 milhões de Jedeão, que foi por 21 anos funcionário de confiança de Odilon. Ele responde a 26 acusações de peculato e admite ter cometido um crime, "fraudado um documento", nas palavras do advogado dele José Roberto Rodrigues Rosa. 

A defesa do ex-servidor, que foi oficialmente demitido em 18 de junho de 2016, apresentou as alegações finais no dia 8 de agosto. Tanto Jânio quanto Odilon foram ouvidos em 2016.

Odilon – Jedeão de Oliveira tentou negociar acordo de delação premiada, mas a proposta foi rejeitada pelo MPF (Ministério Público Federal). O depoimento dele, contudo, resultou na abertura de investigação contra Odilon de Oliveira. A apuração também tramita em sigilo.

A reportagem tentou contato com o candidato do PDT por telefone, mas ele não atendeu às ligações. A assessoria de imprensa também foi acionada, mas até o fechamento da matéria não havia se manifestado. 

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