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Cidades

Epidemia de dengue pode atingir mesma pessoa por quatro vezes

Viviane Oliveira e Luciana Brazil | 17/03/2013 09:07
Juliana teme pegar o vírus da dengue novamente. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Juliana teme pegar o vírus da dengue novamente. (Foto: Vanderlei Aparecido)

Com os cuidados redobrados para combater a dengue em casa, Juliana Vieira da Silva, de 25 anos, sarou da doença há 20 dias. Ainda se recuperando, ela conta que teme contrair a forma mais grave da doença, porque só está imunizada contra a dengue do tipo 1 e ainda corre o risco de ser infectada pelos outros dois tipos de vírus que circulam no Estado este ano.

O médico infectologista, Rivaldo Venâncio, explica que em todo País a doença aparece com quatro sorotipos, mas até agora no Estado circula o vírus da dengue do tipo 1, 2 e 4. O três ainda não foi encontrado neste ano, mas pode estar por aí, o que representaria 4 chances de uma mesma pessoa contrair a doença. É bom esclarecer que essa classificação não é de gravidade, mas respeita a ordem em que os vírus foram descobertos.

O tipo 1 chegou na década de 1980, já na epidemia de 2002 apareceu o sorotipo 2, seguido pelo tipo 3 em 2007 vindo do Rio de Janeiro (RJ). Hoje o tipo predominante é o 4, que veio da América Central e entrou no Brasil por meio de Roraima e acabou chegando a Mato Grosso do Sul.

De acordo com o infectologista, do ponto de vista clínico qualquer um dos vírus pode provocar desde uma infecção sintomática a uma forma mais grave da doença, que pode levar a morte.

Pessoas que têm algum tipo de doença como hipertensão, lúpus, artrite, diabetes ou problemas de resposta imune tendem a ter a forma mais grave da doença. “Aquelas que demoram a procurar um médico podem ter o quadro clínico agravado”, disse.

O tempo médio do ciclo da doença é de cinco a seis dias. Geralmente os sintomas se manifestam a partir do 3ª dia da picada do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Os sintomas são dor de cabeça, febre, dor nos olhos e no corpo, náuseas e vômitos.

Complicações podem levar pessoas infectadas ao desenvolvimento da forma mais grave, que segundo o infectologista, não precisa estar associado com hemorragia. “Não se deve associar o termo hemorrágica com gravidade. A pessoa pode estar grave sem estar sangrando”.

Dr. Rivaldo explica  que não se deve associar o termo hemorrágica com gravidade. A pessoa pode estar grave sem estar sangrando. (Foto: arquivo / Rodrigo Pazinato)
Dr. Rivaldo explica que não se deve associar o termo hemorrágica com gravidade. A pessoa pode estar grave sem estar sangrando. (Foto: arquivo / Rodrigo Pazinato)

Quem pegou dengue fica imune só em relação ao sorotipo que determinou a infecção, como Juliana, vítima do tipo 1. Mas há uma trégua. “Por um período de dois a três meses, quem pegou o vírus fica protegido para qualquer um dos sorotipos da dengue, mas depois desse período a pessoa está suscetível”, destaca Rivaldo.

Campo Grande - De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, até o dia 8 deste mês foram registrados 36.208 casos notificados de dengue em Campo Grande. Segundo boletim epidemiológico, até o momento foram confirmadas nove mortes por causa da doença, sete em janeiro e duas em fevereiro.

No Estado - Em Mato Grosso do Sul foram notificados até o dia 13 de março 62.595 casos, desses, 20 óbitos foram confirmados como resultado da doença e quatro estão em investigação, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde.

Tipo 4 - De 188 amostras coletadas de sangue para análise no Lacen (Laboratório Central do Estado), 51 apontam para o tipo 4. O tipo 2 foi encontrado em 26 amostras e o tipo 1 em 21. Até o momento, o tipo 4 já apareceu nas cidades de Amambai, Nova Andradina, Sidrolância, Anastácio, Rio Verde, Corumbá, Coxim, Bonito, Campo Grande e Miranda. 

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