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Cidades

Indiciado, preso almoçou com filho de Fadh Jamil no dia do desaparecimento

Aline dos Santos | 07/05/2012 10:36

Empresário e político, Cláudio Rodrigues de Souza foi acusado de coagir testemunhas

Cláudio está preso desde 30 de abril.
Cláudio está preso desde 30 de abril.

Preso na investigação sobre o desaparecimento de Daniel Alvarez Georges, já tratado como homicídio pela Polícia Civil, o empresário e político Cláudio Rodrigues de Souza almoçou com Daniel no dia 3 de maio de 2011, a última vez em que a família teve notícias de seu paradeiro.

Daniel Georges é filho de Fahd Jamil, que é considerado o Rei da Fronteira e se livrou, recentemente, de condenações por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Daniel e Cláudio almoçaram no Shopping Campo Grande. Cláudio confirmou o almoço, mas negou envolvimento no sumiço do filho de Fahd Jamil. Conforme a defesa do empresário, ele é amigo de Daniel. “Ele [Daniel] já desapareceu outras vezes, já ficou mais de três anos desaparecido. Vai ser muito engraçado se, de repente, ele aparecer”, afirma a advogada Anna Cláudia Carvalho.

Cláudio está atrás das grades desde 30 de abril, quando uma equipe da DEH (Delegacia Especializada de Crimes de Homicídios) de Campo Grande foi a Ponta Porã. Conforme a defesa, Cláudio já tinha sido ouvido na investigação e foi chamado à delegacia para prestar esclarecimento. Lá, acabou preso. O mandado de prisão temporária, válido por 30 dias, foi expedido pela 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

Ao ser preso, ele tinha escolta armada de vigilantes particulares, que estavam em um Corsa da empresa Aliados Segurança, com sede em São Paulo. Os seguranças estavam com duas pistolas calibre 380 e uma espingarda calibre 12. Um deles chegou a ser preso, mas foi solto mediante pagamento de fiança. Já a documentação foi remetida à PF (Polícia Federal), a quem compete fiscalizar os serviços de vigilância privada.

Indiciado – De acordo com a advogada, Cláudio Rodrigues de Souza foi indiciado por homicídio indireto (quando não há corpo). Ele está preso na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), em Campo Grande. Entre hoje e amanhã, a defesa vai entrar com um recurso na tentativa de reverter a prisão. Para prendê-lo, foi alegado coação de testemunhas.

Conforme o delegado Edilson Oliveira, o caso está bem próximo de um desfecho. Sem dar detalhes, ele afirma que o desaparecimento é tratado como homicídio. “A família não tem notícias dele há mais de um ano”, enfatiza.

Políticos – Cláudio de Souza era presidente do PCdoB, mas foi afastado após a prisão. Esposa do empresário, Sudalene Machado é pré-candidata à prefeitura de Ponta Porã pelo PT. O cargo também deve ser disputado por Gandi Jami (PMDB), tio de Daniel.

Em Ponta Porã, corre a notícia de que o preso também seria o mandante da execução do jornalista Paulo Rocaro, além de ligação com a morte do policial militar César Santos Magalhães, ambos assassinados na avenida Brasil, centro da cidade. Contudo, a polícia nega relação entre os casos.

Sumiço – Daniel, de 44 anos, foi visto pela última vez no dia 3 de maio de 2011, no Shopping Campo Grande. O filho de Fahd Jamil estava em liberdade desde 29 de março do ano passado, quando teve a prisão relaxada pela justiça paulista por excesso de prazo.

Ele foi preso em agosto de 2010, em São Paulo, pela Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos), após combinar encontro no Shopping Iguatemi. Em 2002, Daniel Georges foi preso por tráfico de drogas ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, vindo da Colômbia.

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