Câmara julga amanhã vereador citado em contratos suspeitos da prefeitura
Ex-líder da prefeita Délia Razuk, Junior Rodrigues é acusado de ligação com empresa investigada pela Polícia Federal
A Câmara de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, marcou para 16h de amanhã (30) a sessão especial para decidir sobre o pedido de cassação do vereador Junior Rodrigues (PL) por quebra de decoro parlamentar. Ele é citado em investigações do Ministério Público por suposta ligação com empresa terceirizada contratada pela prefeitura. A empresa também é investigada pela Polícia Federal.
Vereador de primeiro mandato e integrante da base aliada da prefeita Délia Razuk (sem partido), de quem foi líder na Câmara em 2017 e 2018, Junior Rodrigues é o quinto legislador douradense a sofrer pedido de cassação em menos de um ano. Os outros quatro são Idenor Machado (PSDB), Pastor Cirilo Ramão (MDB), Pedro Pepa (DEM) e Denize Portolann (PL).
A denúncia contra Junior Rodrigues por quebra de decoro foi feita no dia 20 de maio pela advogada e ex-vereadora Virginia Magrini. Ela afirmou que Rodrigues é citado no relatório da Controladoria Geral da União por envolvimento com diretores e funcionários da lavanderia Global Serv, prestadora de serviços contratada pela Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados).
O relatório, anexado a inquérito civil em andamento na 10ª Promotoria de Justiça comarca, revela suspeita na contratação por dispensa de licitação da Bataline e Gomes Ltda., que usa o nome fantasia Global Serv.
Conforme a CGU, houve prejuízo de R$ 382 mil ao cofre público por superfaturamento em duas dispensas de licitação e um pregão, além de pagamento sem a efetiva comprovação da prestação dos serviços. Três pessoas ligadas à Global Serv trabalharam no gabinete do vereador.
Na sessão desta sexta-feira, 18 dos 19 vereadores – Junior Rodrigues fica impedido de votar – vão decidir se acatam ou não o pedido de cassação. Dois dos três integrantes da Comissão Processante votaram a favor do relatório que pede a absolvição do vereador do PL – Silas Zanata (Cidadania) e Olavo Sul (Patriota). Só a presidente da Comissão, Daniela Hall (PSD) votou a favor da perda de mandato.
Nos bastidores políticos a previsão é de absolvição de Junior Rodrigues, já que o grupo do qual ele faz parte tem votos suficientes para evitar a cassação. A perda de mandato só é aprovada se receber apoio de dois terços dos vereadores – 13 votos.
Vereador nega – Em maio, Junior Rodrigues usou a tribuna para se defender do pedido de cassação. Ele afirmou que está sendo acusado por ser amigo do dono da empresa e que a Comissão Processante seria a chance de provar sua inocência.
“Se hoje essa empresa presta serviço para o município, é mérito único e exclusivo do seu proprietário e das pessoas que se envolvem nessa empresa. Jamais tive uma fala sequer com a prefeita ou quem quer que seja para que beneficiasse essa ou aquela empresa”, afirmou.