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Interior

Casal ficou junto na doença, mas nem cloroquina poupou separação com morte

Marido também foi contaminado por coronavírus, mas conseguiu se curar

Tainá Jara e Maressa Mendonça | 27/04/2020 16:49
Madalena Aparecida Ferreira, de 75 anos, morreu pelo novo coronavírus (Foto: Divulgação)
Madalena Aparecida Ferreira, de 75 anos, morreu pelo novo coronavírus (Foto: Divulgação)

Jura de união na saúde ou na doença é comum nos votos do matrimônio e foi seguida a risca pela idosa Madalena Aparecida Ferreira, de 75 anos, uma das duas mortes registradas nesta segunda-feira pelo novo coronavírus, em Mato Grosso do Sul.

Moradora de Paranaíba, 413 quilômetros de Campo Grande, a idosa acabou contaminando o marido, pessoa com quem mais convivia. Ele, de 81 anos, no entanto, se curou, mas a ausência da companheira de vida, tratada com cloroquina, deixará a lembrança desagradável da doença.

Por pouco a doença não atingiu mais pessoas da família. Uma das filhas do casal contaminado trabalha na Santa Casa cidade, mas testou negativo para a doença, mesmo tendo contato frequente com os pais.

De acordo com o diretor clínico da Santa Casa Paranaíba, Pedro Eurico Salgueiro, o marido da idosa passou pelo tratamento em casa porque apresentava quadro clínico mais leve.

Na sexta-feira da semana passada terminou o 15º de quarentena, o idoso passou por novos exames e recebeu alta. “Toda a família cumpriu o isolamento social. Apenas uma filha ficou acompanhando, fazendo o necessário para uma pessoa da idade dele ultrapassar os 14 dias”, comentou o médico.

A secretária de Saúde da cidade investiga outros dois casos suspeitos de covid-19, mas os registros são recentes e não envolvem familiares de Madalena.
 Internada no dia 9 de abril com síndrome respiratória já moderada, a idosa tinha comorbidades como diabetes e hipertensão, além de ser ex-fumante ela evoluiu para um quadro respiratório mais intenso e teve de ser entubada dois dias depois, quando precisou do auxílio do respirador mecânico.

Madalena recebeu doses de hidroxicloroquina (HCQ) e azitromicina (AZT), teve uma melhora, conforme os exames de raio-x comprovaram, mas não resistiu e morreu na madrugada de hoje. “Acabou adquirindo infecção pulmonar bacteriana, ficou tratando da pneumonia, da função renal e cardíaca. Tudo foi sendo controlado, mas às 2 horas ela veio a falecer”, detalhou o médico.

Salgueiro afirma que tanto a idosa quanto o marido passaram pelo mesmo tratamento, mas apresentaram resultados distintos.

“Ela usou o medicamento nas doses preconizadas e nos dias preconizados, mas como já tinha patologia prévia no pulmão não conseguiu faturar o oxigênio a ponto de ser extubada”, disse. “A covid faz isso. Vai detonando os diversos sistemas do nosso organismo. O renal, cardiológico, hepático”, lamentou.

O sepultamento da idosa ocorreu às 7h30 desta segunda-feira, sem cerimônia.

Com a morte de Madalena, o Estado registra nove óbitos por coronavírus. Ao todo, 238 casos foram confirmados em 21 municípios. No Brasil, são 64,6 mil casos da doença, sendo que 4,3 mil não resistiram. No mundo são 3 milhões de confirmações e 208 mil mortes.


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