Cimi quer retirada de fazendeiros de área disputada em Paranhos
Ontem, MPF denunciou disparos durante reunião com índios
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) quer a retirada dos fazendeiros das áreas em conflito em Paranhos, a 469 km de Campo Grande. Índios invadiram a fazenda Eliane em 10 de agosto. No mesmo dia, os guaranis relataram ter sofrido dois ataques de pistoleiros.
Ontem, o MPF (Ministério Público Federal) divulgou nota informando que durante reunião no local, denominado de terra indígena Arroyo Korá, foram disparados cinco tiros, provavelmente para o alto.
“Ontem, foi um alerta de que novos ataques podem acontecer. A Funai precisa cumprir com a sua obrigação constitucional e retirar os não índios da terra. Não há impedimento legal para isso”, afirma o coordenador regional do Cimi, Flávio Machado.
Ele afirma que a terra foi homologada em 2009 e que a decisão judicial suspendeu os efeitos da homologação somente na fazenda Iporã, que corresponde a 184 hectares dos 7.175. “Tira os fazendeiros, faz processo de reassentamento no Incra, paga as benfeitorias”, sugere.
Questionado se a retirada dos não índios acirraria ainda mais o conflito, ele afirma que se trata de uma questão de direito. “Até hoje, quem morre nesse conflito? É o índio”.
Após os ataques, foi relatado o desaparecimento de um indígena. Inicialmente, houve confusão sobre a identidade da pessoa que sumiu, mas, por fim, foi afirmado que se trata de Eduardo Pires. Três dias após o ataque, uma criança faleceu.
A PF (Polícia Federal) foi ao local. Foram encontradas munições de três calibres: uma cápsula de munição 32, quatro de calibre 38 e 25 cartuchos de calibre 12.
Histórico - A terra foi homologada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a homologação foi questionada na Justiça pelos fazendeiros.
No ano passado, uma decisão do ministro Gilmar Mendes suspendeu parcialmente os efeitos da homologação ao deferir um mandado de segurança impetrado pelo dono da fazenda Iporã. Com a decisão, cerca de 400 famílias indígenas foram autorizadas a viver em uma área de 700 hectares.