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Interior

Costureira queimada pelo ex saiu correndo em chamas pelo quintal

Gilmar Cotrin usou gasolina da moto da vítima para causar incêndio; Valéria morreu e ele está preso

Helio de Freitas, de Dourados | 31/07/2023 09:02
Valéria Carrilho da Silva, que morreu após ser queimada pelo ex-marido Foto: Reprodução)
Valéria Carrilho da Silva, que morreu após ser queimada pelo ex-marido Foto: Reprodução)

Queimada com gasolina pelo ex-marido que não aceitava o fim do relacionamento, a costureira Valéria Carrilho da Silva, 35, saiu correndo pelo quintal com o corpo em chamas, na tentativa de se salvar. Quando corria, o fogo de seu corpo se propagou para a moto dela estacionada na varanda, atingiu roupas no quintal e até duas máquinas de costura industrial na sala da residência.

Valéria morreu no início da noite de ontem (30) no Hospital da Vida, em Dourados (a 251 km de Campo Grande). O autor do feminicídio, Gilmar Alves Cotrin Junior, 42, o "Bombril Zica", está preso. Ele confessa os crimes e não demonstra qualquer arrependimento.

Foi Gilmar que contou detalhes do crime. Localizado escondido em uma obra na Rua Oliveira Marques, no centro, sete horas antes de Valéria morrer em decorrência dos ferimentos, o criminoso afirmou aos policiais: “não tem nada que vocês falem que me faça mudar, ela vai morrer”.

Na delegacia, Gilmar alegou ter praticado o crime porque a ex-mulher não permitia que ele visse os dois filhos do casal, de 2 e 3 anos. Segundo a delegada Thays Bessa, o criminoso disse que pediu para ver os filhos e Valéria teria “tirado sarro” da cara dele. A vítima tinha medida protetiva contra o ex-marido, expedida pela Justiça em fevereiro deste ano.

No início da madrugada de ontem, disposto a matar a ex, Gilmar foi até a casa dela na Rua Garrincha, no Jardim Esplanada, e invadiu o quintal. Valéria estava fora e os dois filhos dela com a cuidadora, que mora no mesmo bairro.

Com uma mangueira, Gilmar retirou a gasolina do tanque da moto e colocou em um caneco. Quando Valéria chegou, ele jogou o combustível nela e ateou fogo usando um isqueiro. Com o corpo em chamas, a costureira tentou correr e espalhou o fogo para a moto, roupas no quintal e até para o espaço onde ficavam as máquinas de costura.

Gilmar disse que chegou a jogar água enquanto a mulher era consumida pelas chamas e depois fugiu. Após os vizinhos verem a fumaça, Valéria foi encontrada gritando de dor, caída no quintal. Levada para o Hospital da Vida com queimaduras no pescoço, nas mãos, no tórax, no rosto e na cabeça, ela morreu por volta de 18h.

Em entrevista nesta segunda-feira, a delegada Thays Bessa disse que ainda na madrugada de ontem, logo após Valéria ser levada para o hospital, Gilmar Cotrin Junior ameaçou a cuidadora das crianças. Em mensagens enviadas pelo aplicativo WhatsApp, falou que ela seria a próxima a ter o mesmo fim da costureira. A vítima cuidava com os filhos dele no momento em que foi ameaçada.

Gilmar foi autuado em flagrante por feminicídio triplamente qualificado (praticado por motivo fútil, através de emboscada e uso de fogo), por descumprimento da medida protetiva e pelas ameaças contra a babá. Ele deve passar por audiência de custódia ainda hoje. (Colaborou Adilson Domingos)

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