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Interior

Duas indígenas são internadas com ferimentos após confronto com Choque

As duas mulheres de 30 anos de idade foram atingidas no ouvido; PM diz que 12 policiais ficaram feridos

Por Helio de Freitas, de Dourados | 27/11/2024 15:27


RESUMO

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Duas mulheres, de 30 anos, estão internadas após ferimentos em um confronto com a polícia em Dourados, onde indígenas bloquearam a MS-156 cobrando água para suas aldeias. O incidente resultou em ferimentos em 12 policiais e danos a viaturas. Os indígenas, que enfrentaram a polícia, relataram uso de munição real e criticaram a ação policial como covarde. Eles exigem medidas imediatas para melhorar o abastecimento de água, enquanto a rodovia permanece interditada e novas propostas do governo estão sendo discutidas.

Duas mulheres, ambas com 30 anos de idade, estão internadas no Hospital da Vida após sofrerem ferimentos durante confronto com policiais do Batalhão de Choque, nesta quarta-feira (27), em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

Uma delas é moradora na Aldeia Bororó e outra na Aldeia Jaguapiru. Elas apresentavam sangramento no ouvido esquerdo (veja o vídeo acima).

O comando do 3º Batalhão da Polícia Militar informou que 12 policiais também ficaram feridos, foram levados ao hospital para atendimento e liberados. Conforme os números atualizados, seis viaturas foram danificadas e três indígenas foram detidos.

O confronto ocorreu durante tentativa de desobstrução da MS-156, entre Dourados e Itaporã. A comunidade indígena bloqueou a estrada na segunda-feira (25) para cobrar ações concretas e imediatas contra a falta de água nas aldeias.

Líder religioso da Aldeia Jaguapiru disse ao Campo Grande News que há dezenas de feridos, mas a maioria não procurou atendimento médico. Ele chamou a ação da polícia de “covardia” contra a comunidade que apenas cobra direito à água.

“Eles [policiais] estão dando entrevista falando que nós os atacamos. Isso é mentira, covardia. Eles entraram atirando em várias pessoas, usaram balas de verdade. Temos cápsulas, munições que eles perderam no chão”, afirmou morador.

Vídeo gravado pelos moradores mostra um carregador com munições reais (veja as imagens abaixo).


Segundo o líder religioso, quando viram o avanço do Batalhão de Choque, outros moradores se mobilizaram e foram para a rodovia, para enfrentar os policiais. “Saí da minha casa quando vi a injustiça que fizeram com nosso povo e fui para o movimento, enfrentamos a polícia. Levei dois tiros de gás, ainda estou atordoado, mas a polícia foi embora”, disse o indígena.

Viatura da Polícia Militar Rodoviária com vidro quebrado por pedra (Foto: Leandro Holsbach)
Viatura da Polícia Militar Rodoviária com vidro quebrado por pedra (Foto: Leandro Holsbach)

A Polícia Militar confirmou que a equipe do Choque deixou o local. A rodovia segue interditada. Ainda nesta tarde, a comunidade vai decidir sobre nova proposta do governo do estado para resolver o impasse.

Militares presentes na ação informaram que equipamentos, incluindo o carregador com munições, foram extraviados no momento em que os policiais foram agredidos pelos indígenas. Eles negam tiros com munição letal.

Os indígenas cobram ações imediatas para ampliar a distribuição de água através de caminhões-pipa e o início das obras para perfuração de mais poços nas duas aldeias. A proposta rejeitada ontem previa início das obras em 60 dias.

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