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Empresa alvo de operação pertence à servidora e sede nunca foi concluída

Aruany Velozo é esposa de médico e investigada após denúncia de fraude no transporte de pacientes

Por Ana Paula Chuva | 10/09/2025 11:49
Empresa alvo de operação pertence à servidora e sede nunca foi concluída
Construção em andamento no endereço onde seria sede da Clínica Médica (Foto: Divulgação | PCMS)

Alvo de mandados durante a 2ª fase da Operação Vaga Zero, a Clínica Médica Guadalupe Ltda. pertence à nutricionista concursada na Prefeitura de Selvíria, Aruany Velozo Piemonte de Oliveira. A ação foi deflagrada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), que cumpriu cinco ordens judiciais de busca e apreensão nesta quarta-feira (10), na cidade a 400 quilômetros de Campo Grande.

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A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul deflagrou a segunda fase da operação Vaga Zero, cumprindo cinco mandados de busca e apreensão em Selvíria. A ação investiga irregularidades em contratos de transporte médico firmados entre a prefeitura e a Clínica Médica Guadalupe, pertencente à nutricionista concursada Aruany Velozo Piemonte de Oliveira. A investigação revelou possível superfaturamento e pagamentos por serviços não prestados em contratos que somam R$ 2,9 milhões. A empresa, que deveria funcionar na Rua Rui Barbosa, possui apenas um terreno murado sem edificação. Em dezembro de 2024, a Justiça determinou a anulação dos contratos após ação civil pública do Ministério Público que apontava irregularidades nas contratações.

Em dezembro de 2024, a Justiça determinou a anulação de contratos de transporte médico em Selvíria. Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a decisão aconteceu após ação civil pública do órgão que apontava irregularidades na contratação dos serviços para o deslocamento intermunicipal de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

De acordo com a 7ª Promotoria de Justiça de Três Lagoas, o município havia firmado contratos de prestação de serviços com a Clínica Médica por meio de credenciamento, “uma modalidade inadequada para situações em que há viabilidade de ampla concorrência”.

Entre as medidas impostas pela Justiça naquela data estavam: a suspensão de novos credenciamentos para transporte médico intermunicipal; a anulação dos contratos vigentes com a referida empresa, com prazo de 90 dias para conclusão; a realização de licitações públicas para contratar prestadores de serviços; e a apresentação de relatórios detalhados pela empresa contratada.

Conforme apurou o Campo Grande News, a Clínica Médica Guadalupe tem como sócia-administradora a nutricionista Aruany Velozo, convocada em março deste ano para assumir o cargo obtido em concurso público da Prefeitura de Selvíria. Ela também foi alvo de busca junto com o marido, o médico Rodrigo Oliveira Blini.

Informações do Portal da Transparência de Selvíria mostram que a Clínica Médica teve contrato vigente com o município até 13 de março deste ano. O contrato foi assinado em março do ano passado, no valor de R$ 1.450.000,00, e o último empenho foi realizado em 25 de fevereiro de 2025, no valor de R$ 57 mil. A empresa consta como localizada na Rua Rui Barbosa, no Centro de Selvíria. No local, porém, foi encontrado um terreno murado, sem edificação.

Os policiais do Dracco ainda cumpriram ordens de busca no CEM (Centro de Especialidades Médicas) e na Secretaria de Saúde da cidade. O atual prefeito Jaime Soares Ferreira (PSDB) confirmou a operação, mas não soube dar detalhes. Sobre o caso da Clínica Médica, ele ainda não se manifestou.

O contato da defesa de Aruany e Rodrigo não foi encontrado, mas o espaço segue aberto. A ex-fiscal de contrato da cidade também foi alvo da operação, mas o nome dela não foi divulgado.

Empresa alvo de operação pertence à servidora e sede nunca foi concluída
Viaturas do Dracco em frente ao CEM de Selvíria (Foto: Divulgação | PCMS)

Outro alvo — O ex-secretário municipal de Saúde Edgar Barbosa dos Santos também foi alvo de buscas nesta quarta-feira. Em agosto, ele já havia sido afastado das funções por conta de investigação por envolvimento no esquema de desvio de recursos.

No dia 12 do mês passado, a PF (Polícia Federal) deflagrou a Operação Rastro Cirúrgico e cumpriu treze mandados de busca, além do sequestro de bens no valor de R$ 5 milhões de cada investigado, entre eles Edgar, que foi exonerado no dia seguinte. Ele é irmão do ex-prefeito da cidade e tem diversos registros de peculato e outros crimes.

Operação - Segundo o Dracco, os contratos analisados foram firmados a partir de 2022, sem licitação, para serviços de transporte intermunicipal de pacientes em urgência e emergência, além de atendimento médico de sobreaviso. Há indícios de superfaturamento, pagamento por serviços não prestados e quantidades de transferências muito acima da demanda local.

Dois contratos chamam a atenção: cada um no valor de R$ 1,45 milhão, com objetos semelhantes e cláusulas consideradas frágeis. Um deles teria sido assinado com uma empresa que sequer funcionava de fato. No endereço informado como sede, os agentes encontraram apenas uma construção em andamento, sem qualquer atividade compatível com o serviço contratado.

Empresa alvo de operação pertence à servidora e sede nunca foi concluída
Arquivo da Secretaria Municipal de Saúde de Selvíria (Foto: Divulgação | PCMS)