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Interior

Idosa acusada de esquartejar marido alega ter sido vítima de estupros constantes

Aparecida Graciano, 64 anos, está sendo julgada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver

Por Silvia Frias | 11/06/2025 15:21
Idosa acusada de esquartejar marido alega ter sido vítima de estupros constantes
Aparecida presta depoimento durante julgamento, em Três Lagoas (Foto/Reprodução)

A dona de casa Aparecida Graciano de Souza, de 64 anos, disse ter sido vítima de constantes estupros cometidos pelo marido, Antônio Ricardo Cantarin. Esse teria sido o motivo que a levou a matá-lo, em 22 de maio de 2023, além das ameaças feitas por ele contra os filhos e netos dela.

RESUMO

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A dona de casa Aparecida Graciano de Souza, de 64 anos, é julgada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver após matar o marido, Antônio Ricardo Cantarin, em 22 de maio de 2023. Aparecida alega ter sido vítima de abusos sexuais constantes e ameaças contra seus filhos e netos, o que motivou o crime. Durante o depoimento, Aparecida relatou os abusos e a dor emocional que sofreu ao longo do casamento, que durou um ano e sete meses. Após envenená-lo, ela desmembrou o corpo e descartou os restos mortais em uma rodovia. A defesa argumenta que o homicídio não teve motivação financeira, mas sim uma resposta aos abusos. Aparecida foi presa em 26 de maio, após a polícia investigar o desaparecimento de Antônio.

Nesta quarta-feira (11), no Tribunal do Júri de Três Lagoas, Aparecida está sendo julgada por homicídio triplamente qualificado e por ocultação de cadáver, crime que chocou Selvíria, cidade onde o casal morava, distante 400 km de Campo Grande.

A vítima foi envenenada e teve o corpo cortado em pedaços, sendo as partes jogadas ao longo de uma rodovia em Selvíria. Antônio foi morto aos 64 anos.

A defesa informou ao juiz da 1ª Vara Criminal de Três Lagoas, Rodrigo Pedrini Marcos, que seria realizado apenas o interrogatório seletivo, ou seja, a ré responderia apenas às perguntas do advogado e, eventualmente, de algum jurado.

“Eu fiz o que fiz pelos abusos que ele cometeu comigo”, disse Aparecida, ao responder sobre o motivo do crime. Ao longo do depoimento, principalmente ao relatar os abusos, a dona de casa se emocionava. Manteve a mão sobre o ouvido esquerdo durante a maior parte do tempo, por sentir dor.

Idosa acusada de esquartejar marido alega ter sido vítima de estupros constantes
Dona de casa alegou que foi ameçada pelo marido (Foto/Reprodução)

Durante o depoimento, que durou cerca de 35 minutos, Aparecida contou que sempre fez uso de bebida alcoólica, hábito induzido desde a infância, e que se manteve no casamento com Antônio, que durou 1 ano e 7 meses.

Segundo ela, os abusos ocorriam durante episódios de forte embriaguez, quando ficava inconsciente. “Ele aproveitava para fazer tudo o que queria, e eu não aceitava”, disse, afirmando que só consentia com o que chamou de “sexo normal” [vaginal].

Esses abusos teriam começado a partir do sexto mês de relacionamento, quando ela passou a sentir dores no reto e na garganta, além de apresentar hematomas. Justificou não ter procurado um médico por medo de receber diagnóstico de câncer — doença comum entre seus familiares.

Em maio de 2023, dias antes do crime, notou hematomas nas costas. Disse que, em certo momento, o marido resolveu confessar o que fazia, admitindo os estupros e afirmando que a lesão ocorreu quando a empurrou perto da porta. “Ele falou que, se eu me separasse, ia mandar alguém atrás de mim, ia me matar, matar meus filhos, meus netos”, contou, chorando.

A dona de casa também relatou que era a responsável pelo pagamento das contas da casa e que comprou um carro dele, no valor de R$ 12 mil. Tudo era feito com o dinheiro dela ou dele, em comum acordo. As perguntas feitas pela defesa fazem parte da tese de que o homicídio não teve motivação financeira. “[A morte] foi pelo estupro, porque eu não dependo do dinheiro de ninguém para sobreviver.”

Idosa acusada de esquartejar marido alega ter sido vítima de estupros constantes
Mala onde tronco da vítima foi encontrado e sacos com retalhos. (Foto: Divulgação/PCMS)

Aparecida também disse que o marido tinha problemas físicas, decorrente de AVC. A perna e o braço do lado direito foram afetados, mas ele andava, embora com um pouco de dificuldade. "Ele arrastava um pouco, mas, para sentar, conseguia dobrar". Também negou que o deixasse sozinho em casa, sem cuidados.

Na reta final do depoimento, a ré se emocionou novamente, dizendo que sua vida virou um inferno ao descobrir que era estuprada e, depois do crime, por ter perdido o contato com um dos filhos. “Não tenho mais paz, não tenho mais nada”, chorou.

O crime – A polícia iniciou a investigação do desaparecimento do marido após relato dos vizinhos, que não viram mais Antônio desde o dia 20 de maio de 2023.

Aparecida Graciano foi presa no dia 26 de maio. Um dia antes, a Polícia Civil havia encontrado, próximo à BR-158, na zona rural de Selvíria, o tronco de um homem dentro de uma mala.

No interrogatório, Aparecida demonstrou nervosismo, chegou a negar qualquer envolvimento, mas depois confessou o crime.

Conforme a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), no dia 22 de maio, a dona de casa foi até uma loja agropecuária e comprou um frasco de veneno para ratos. Ao chegar em casa, deu o produto com água ao marido, dizendo que era um remédio para dor de barriga. Cinco minutos depois, foi verificar se ele ainda respirava e constatou a morte às 19h. Notou que Antônio estava com os olhos vidrados, o cobriu e foi dormir em outro cômodo.

Na madrugada do dia 23 de maio, iniciou o plano para dar fim ao corpo. Colocou um plástico sob a vítima e começou a cortá-la com uma faca de cozinha. No dia 24, por conta do mau cheiro, decidiu se livrar dos restos mortais. O tronco foi colocado dentro de uma mala, e Aparecida pediu ajuda aos vizinhos, dizendo que dentro da bagagem havia pedaços de pano velho, onde morcegos e outros bichos haviam morrido.

O cadáver foi colocado no banco de trás do carro da autora, e ela, junto com dois vizinhos, foi até a região onde descartou a mala. Ao voltar para a cidade, Aparecida deu R$ 20 aos homens. No dia 25 de maio, pegou os membros que estavam no freezer, colocou no carro, mas o veículo apresentou problemas e não conseguiu sair.

Os sacos foram jogados no dia 26 de maio, na rodovia sentido Três Lagoas, em um barranco.

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