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Interior

Juiz autoriza envio de provas contra vereador acusado de violência doméstica

Decisão do titular da 4ª Vara Criminal permite retomada de processo de cassação de Diogo Castilho

Helio de Freitas, de Dourados | 03/12/2021 15:17
O vereador Diogo Castilho, que reassumiu mandato quarta-feira após liminar do TJ (Foto: Divulgação)
O vereador Diogo Castilho, que reassumiu mandato quarta-feira após liminar do TJ (Foto: Divulgação)

O juiz Alessandro Leite Pereira, da 4ª Vara Criminal de Dourados, autorizou hoje (3) o compartilhamento, com a Câmara Municipal, de peças processuais da ação penal por violência doméstica da qual é réu o vereador Diogo Silveira Castilho (DEM).

O médico, eleito para o primeiro mandato em novembro do ano passado, chegou a ficar uma semana na cadeia em setembro deste ano depois de ser preso por ameaçar de morte e agredir fisicamente a então noiva, uma cirurgiã-dentista de 27 anos de idade.

Em tese, a decisão desta sexta-feira permite a retomada do processo de cassação do mandato dele por quebra de decoro. Na segunda-feira (29), o desembargador João Maria Lós, do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), havia anulado as provas que fundamentaram a abertura da Comissão Processante, em setembro.

O desembargador acatou argumento do vereador de que a Câmara tinha iniciado o processo de cassação com base em provas nulas. A denúncia contra Diogo Castilho foi fundamentada no boletim de ocorrência registrado pela vítima. Para a defesa do vereador, no entanto, o procedimento desrespeitou o segredo de justiça.

A assessoria jurídica da Comissão Processante já havia solicitado ao Poder Judiciário o compartilhamento das provas. Na semana passada, o pedido foi reforçado pela vítima das agressões, a ex-noiva de Diogo Castilho.

Os advogados dela, Felipe Cazuo Azuma e Alberi Dehn Ramos, informaram ao juiz que a cirurgiã-dentista concordava com o compartimento de provas, argumentando que o sigilo é para proteger a vítima e não o autor e que neste caso o segredo de justiça está sendo usado em favor de Diogo Castilho.

“Existem provas robustas que houve agressão, de que houve violência doméstica. O laudo de exame de corpo de delito foi feito no dia posterior da lavratura do B.O”, afirmou o advogado Felipe Azuma.

Segundo o advogado, no depoimento prestado à Comissão Processante, na semana passada, a vítima relatou que teve o pescoço apertado pelo vereador e também foi atingida por socos, lesões constatadas no laudo de exame de corpo de delito.

“Pelo depoimento da vítima perante a comissão processante, ficou claro que ela também sofria violência psicológica. A Câmara de Vereadores de Dourados precisa dar o exemplo de que não compactua com violência doméstica alguma!”, afirmou Azuma.

Na decisão, o juiz Alessandro Leite Pereira cita que a “finalidade primordial” do segredo de justiça em processos que tratam de violência doméstica é a proteção da vítima. Ele afirma também que a liminar do desembargador João Maria Lós não proíbe a utilização das peças processuais pela Comissão Processante da Câmara.

Por meio da assessoria de imprensa, a Câmara de Dourados informou que o departamento jurídico prepara recurso para apresentar ao Tribunal de Justiça pedindo a revisão da liminar de segunda-feira. No entendimento do Legislativo douradense, a decisão do desembargador “perdeu objeto”.

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