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Interior

Justiça suspende leilão de resort de luxo de família de traficantes de MS

Local era usado para lavagem de dinheiro, foi construído em área federal e agora União quer de volta

Por Idaicy Solano | 02/01/2024 12:20
Área verde do resort, localizado há 63 quilômetros da Capital de Mato Grosso (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Área verde do resort, localizado há 63 quilômetros da Capital de Mato Grosso (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A Justiça Federal suspendeu o leilão de um resort de luxo, localizado na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, propriedade do “Clã Garcia Morinigo”, acusado de comandar um dos grupos de narcotraficantes na fronteira com Mato Grosso do Sul. Segundo a Polícia Federal, o lugar era utilizado para lavagem de dinheiro de atividades criminosas.

O Paraíso do Manso Resort, que fica há 63 quilômetros de Cuiabá, Capital de Mato Grosso, foi sequestrado na Operação Status, deflagrada pela Polícia Federal em setembro de 2020, mesma operação levou a prisão do clã, encabeçado por Emídio Morinigo, Jefferson Morinigo e Kleber Morinigo, respectivamente pai e filhos.

Posteriormente, a União informou ao Ministério Público que o empreendimento foi construído em área federal, isso inviabiliza que o leilão seja feito. Por esse motivo, o juiz Luiz Augusto Iamassaki Florentini, da 5.ª Vara Federal de Campo Grande, suspendeu o pregão, a fim de saber se o governo federal tem interesse em reaver o imóvel, e incorporá-lo ao patrimônio público. Desta forma, foi feito o pedido para que o órgão esclareça a viabilidade da incorporação, para evitar que a área continue a ser utilizada para atividades ilegais.

Investigação - O clã responde a uma ação penal pelo crime de tráfico internacional de drogas e organização criminosa. As audiências de instrução devem ocorrer em fevereiro na 5.ª Vara Federal de Campo Grande.

A família também possui histórico de denúncia na Operação Riqueza, por fornecer drogas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo os procuradores, o núcleo do grupo estaria dividido entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas o esquema supostamente se entenderia a outros estados brasileiros, e até mesmo fora do país.

Histórico - O chamado "Clã Garcia Moringo" foi alvo da Operação Status da Polícia Federal), em 2020, que resultou na prisão de Emídio e os filhos, apontados pela polícia como líderes da quadrilha. O trio foi preso em Pedro Juan Caballero (fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai).

Os três brasileiros teriam se mudado em 2020 para Pedro Juan Caballero, cidade vizinha a Ponta Porã (MS), depois de perderem grande carga de droga e desconfiarem que estavam sendo investigados.

Presos em Pedro Juan Caballero na operação de 2020, eles foram expulsos e entregues à polícia brasileira. Em setembro de 2021, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região revogou a prisão de Emidio Morinigo. Os filhos dele continuam presos no Presídio Federal de Mossoró (RN).

Emidio, Jefferson e Kleber, pai e filhos apontados como chefes de organização criminosa pela PF. (Arte: Thiago Mendes)
Emidio, Jefferson e Kleber, pai e filhos apontados como chefes de organização criminosa pela PF. (Arte: Thiago Mendes)

Família nega - Conforme divulgado pelo jornal Estadão, em contato com o advogado da família Moringo, o mesmo negou que o resort pertença à eles.“Eu não tenho como me manifestar sobre o imóvel porque ele não pertence aos meus clientes. É uma ilação irresponsável”.

A defesa afirmou que o Ministério Público “sonegou” documentos do caso. O compartilhamento do material foi determinado pela Justiça Federal. “Com essa documentação, fiscal e contábil, os réus poderão apresentar estudos, laudos, pareceres técnicos para esclarecer sua evolução patrimonial”, finalizou.

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