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Interior

Maníaco da Cruz continua em Unei e Defensoria cogita hospital particular

Nadyenka Castro | 17/04/2012 18:35

Decisão judicial manda o Estado oferecer tratamento de saúde mental para o rapaz. Governo não tem local

Dhionatan usava luvas cirúrgicas nos crimes. Luvas foram encontradas na casa dele. (Fotos: Minamar Júnior/ Arquivo)
Dhionatan usava luvas cirúrgicas nos crimes. Luvas foram encontradas na casa dele. (Fotos: Minamar Júnior/ Arquivo)

Responsável por mortes em séries em 2008 no município de Rio Brilhante, a 163 quilômetros de Campo Grande, Dhionatan Celestrino, de 19 anos, o Maníaco da Cruz, vai continuar na Unei (Unidade Educacional de Internação) Mitaí, em Ponta Porã, mesmo a Justiça tendo determinado internação compulsória dele em hospital psiquiátrico.

De acordo com o defensor público Astolfo Lopes Cançado Netto, o Estado ainda não tem espaço apropriado para o tratamento de saúde mental de Dhionatan. “Por enquanto não há local para ele”, fala o defensor, que cogita pedir que a administração estadual custei internação do jovem em hospital particular.

Nesta terça-feira, em Ponta Porã, foi realizada mais uma audiência sobre a interdição do jovem. Dhionatan foi interrogado. “Ele disse que preferia não ficar mais na Unei”, declarou o Astolfo.

Dhionatan está na Unei desde outubro de 2008. No ano passado terminou o prazo de internação dele. No entanto, laudo psiquiátrico indica que ele tem problema de saúde mental.

Diante disso, a Justiça determinou, em março deste ano, a internação compulsória do rapaz e até hoje o Estado não arrumou espaço apropriado para ele.

Conforme o defensor público, o Estado pediu que Dhionathan fosse levado para uma penitenciária, onde ficaria em ala específica para detentos doentes mentais. A Justiça indeferiu o pedido. “Ele não apresenta risco 24 horas por dia. Só quando é motivado”, explica Astolfo.

Diante disso, o jovem que aos 16 anos matou três pessoas na cidade onde morava por pensar que elas não seguiam o que determina a religião que diziam acreditar, vai continuar na Unei de Ponta Porã.

Segundo Astolfo, chegou a ser cogitada a internação de Dhionatan em hospitais do Rio de Janeiro e São Paulo. O defensor estuda pedir complementação da perícia médica no rapaz e, caso o Estado não providencie local para o jovem em 90 dias, vai pedir internação dele em hospital particular. “O prazo da Justiça já foi extrapolado. Os 90 dias foi o prazo que eu estabeleci porque já aí vai dar quase seis meses da determinação da Justiça”, finaliza.

Quando foi apreendido, Dhionathan tinha cabelos compridos e usava roupas de cor escura. Por ser adolescente na época, não podia mostrar o rosto.
Quando foi apreendido, Dhionathan tinha cabelos compridos e usava roupas de cor escura. Por ser adolescente na época, não podia mostrar o rosto.

Mortes - O primeiro a ser morto pelo adolescente à época foi o pedreiro Catalino Gardena, que era alcoólatra. O crime foi em 2 de julho de 2008. A segunda vítima foi a frentista homossexual Letícia Neves de Oliveira, encontrada morta em um túmulo de cemitério, no dia 24 de agosto.

A terceira e última vítima foi Gleice Kelly da Silva, de 13 anos, encontrada morta seminua em uma obra, no dia 3 de outubro. Dionathan foi apreendido no dia 9 de outubro, seis dias após o último assassinato, em casa.

No quarto dele havia pôster do Maníaco do Parque e de um diabo. Para cometer os crimes ele utilizava luvas cirúrgicas. O maníaco estrangulava as vítimas e terminava de matá-las com faca, arma com a qual ele escreveu INRI (Jesus Nazareno Rei dos Judeus) no peito do primeiro alvo.

Na Unei - Na Unidade de Internação, o adolescente que chocou Mato Grosso do Sul, teve um comportamento exemplar. Com um quarto só para ele, o maníaco permanece isolado e passa os dias lendo a Bíblia, revistas e livros.

Ao contrário das imagens que ganharam o noticiário, ele já não tem mais os cabelos longos. O jovem recebe visita de familiares e já foi informado de que deixará a Unei.

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