Ministros comemoram ação contra esquema do PCC que teve 8 mandados em MS

Considerada a maior ação contra esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado já deflagrada em território brasileiro, a Operação Carbono Oculto foi comemorada pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Ricardo Lewandowski (Justiça).

Os dois participaram de entrevista coletiva em Brasília para detalhar a operação que mira mega esquema de lavagem de dinheiro controlado pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Os tentáculos da organização chegavam a redes de postos de combustíveis, usinas de etanol e fundos de investimento.

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Entre os 350 alvos da operação coordenada pela Polícia Federal e pela Receita Federal, oito estão em Mato Grosso do Sul: um em Dourados e sete em Iguatemi, na fronteira com o Paraguai. Todas são pessoas jurídicas e os nomes não foram divulgados.

“Essa operação é exemplar, porque conseguiu chegar na cobertura do sistema, no andar de cima”, afirmou Fernando Haddad. “Diante do crime organizado, é preciso dar resposta organizada”, citou ele, ao defender o trabalho de inteligência desenvolvido pela PF e pela Receita Federal.

O esquema atuava inclusive na Avenida Brigadeiro Faria Lima, operado por integrantes da organização infiltrados no coração financeiro do país. São 42 alvos na “Faria Lima”, entre fundos de investimento, fundos imobiliários e empresas.

Para Ricardo Lewandowski, o dia é “momento auspicioso” no combate ao crime organizado. O ministro disse na coletiva que nos últimos anos o Brasil tem observado a migração de organizações criminosas para a legalidade através de esquemas complexos, como o desmantelado nessa operação.

Lewandowski aproveitou para citar a importância da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) em tramitação no Congresso Nacional na luta contra o crime organizado. “Essa é a preocupação do governo, que todas as forças de segurança do país se entrosem e que trabalhem num único sentido, com inteligência compartilhada e ações coordenadas”.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que o esquema de lavagem de dinheiro infiltrado no sistema financeiro não atendia apenas a facções criminosas, mas estava à disposição de qualquer atividade ilícita. “Estava disponível para sonegador, traficante, enfim, qualquer criminoso que quisesse utilizar esse fundo”, explicou.

Em balanço parcial, o Andrei Rodrigues informou que foram apreendidos pelo menos R$ 300 mil em dinheiro vivo, sequestro de R$ 1 bilhão, bloqueio de 21 fundos financeiros e confisco de 192 imóveis e duas embarcações.

O esquema – De acordo com a Receita Federal, cerca de 1.000 postos de combustíveis vinculados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Uma fintech (empresa que utiliza tecnologia para oferecer serviços financeiros de forma digital) atuava como banco paralelo da organização e movimentou R$ 46 bilhões não rastreáveis no período.

A investigação mira vários elos da cadeia de combustíveis controlados pelo crime organizado, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.

Além das duas cidades de Mato Grosso do Sul, os mandados estão sendo cumpridos em São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

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