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Interior

Órgão internacional culpa Paraguai por morte de jornalista em 1991

Santiago Leguizamón foi executado após mostrar ligação de Fahd Jamil com tráfico

Helio de Freitas, de Dourados | 26/08/2020 14:51
O jornalista Santiago Leguizamón (à esquerda), assassinado por pistoleiros em Pedro Juan Caballero, em 1991 (Foto: Última Hora)
O jornalista Santiago Leguizamón (à esquerda), assassinado por pistoleiros em Pedro Juan Caballero, em 1991 (Foto: Última Hora)

Treze anos após iniciar investigação, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos concluiu que o governo do Paraguai foi responsável pelo assassinato do jornalista Santiago Leguizamón, ocorrido em 26 de abril de 1991.

Leguizamón foi executado com 21 tiros em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande, menos de um mês depois de participar de reportagens sobre o crime organizado na fronteira.

Em março daquele ano, como correspondente do jornal diário “Noticias”, Santiago Leguizamón ajudou a elaborar a série de reportagens investigativas apontando cumplicidade de integrantes do governo paraguaio com os “barões” do tráfico de drogas, da lavagem de dinheiro, do contrabando de soja e do roubo de veículos. Na época, o país era governado pelo general Andrés Rodríguez.

As reportagens citavam como um dos principais chefões do narcotráfico na região o empresário Fahd Jamil, conhecido do lado paraguaio da fronteira como “El Turco”.

Fahd está foragido da Justiça brasileira desde 18 de junho deste ano, acusado de integrar grupo de extermínio com atuação em Ponta Porã e Campo Grande, investigado pela Operação Omertà.

Governo culpado – Em sua página no Facebook, Dante Leguizamón, filho do jornalista, afirmou ter recebido o comunicado da comissão de direitos humanos informando sobre o fim do processo.

O relator especial para liberdade de expressão da Comissão Interamericana, Edison Lanza, publicou em sua conta no Twitter que a investigação responsabiliza o Estado paraguaio por falta de proteção ao jornalista e por impunidade, já que o crime nunca foi esclarecido.

A comissão acusa o Paraguai de violar quatro artigos de direito à vida, cinco de proibição de tortura e maus tratos, de cometer 13 crimes contra o direito à liberdade de expressão, além de violar o direito à Justiça e proteção judicial e causar prejuízo ao jornalista e sua família. Todos os crimes são previstos na Convenção de Direitos Humanos, assinada em San José, na Costa Rica, em 22 de novembro de 1969.

Impunidade continua – Quase 30 anos depois, a impunidade impera na linha internacional entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. As execuções não param. Só em 2019 foram pelo menos 200 pessoas mortas nas duas cidades.

Na noite de 12 de fevereiro deste ano, outro jornalista foi executado pela máfia da fronteira. O brasiguaio Lourenço Veras, 54, editor e único repórter do site de notícias Porã News, jantava com a mulher, os filhos adolescentes e o sogro quando os pistoleiros invadiram sua casa em Pedro Juan e o mataram com 15 tiros.

No dia 22 de fevereiro, a polícia paraguaia prendeu nove pessoas suspeitas do crime, mas até agora não se manifestou sobre o andamento das investigações, nem detalhou qual seria o envolvimento dos suspeitos.

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