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Interior

Pai e filho plantam soja e criam gado em MS com dinheiro de Cabeça Branca

Os dois foram presos em Campo Grande e Dourados; em MS funcionava um importante núcleo de lavagem de dinheiro do bandido considerado maior narcotraficante da América do Sul

Helio de Freitas, de Dourados | 15/05/2018 10:31
Homem preso em condomínio fechado de Campo Grande é levado para a Polícia Federal (Foto: Saul Schramm)
Homem preso em condomínio fechado de Campo Grande é levado para a Polícia Federal (Foto: Saul Schramm)

Pai e filho foram presos hoje (15) em Mato Grosso do Sul na Operação Efeito Dominó, deflagrada em todo o país pela Polícia Federal para desmantelar o esquema de lavagem do dinheiro oriundo da organização criminosa comandada pelo narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, o “Cabeça Branca”. Preso desde 1º de julho do ano passado, Rocha é apontado como o maior traficante da América do Sul na atualidade.

Em entrevista coletiva nesta manhã na sede da PF em Curitiba (PR), os delegados que comandam a operação de hoje afirmaram que pai e filho formam um dos dois núcleos de lavagem para legalizar o dinheiro que Cabeça Branca obtém da venda de cocaína para as facções criminosas brasileiras. O outro núcleo era operado pelos três doleiros, também presos nesta terça-feira.

Com dinheiro fornecido pelo narcotraficante, pai e filho plantam lavouras e criam gado em Mato Grosso do Sul. Os nomes não foram revelados nem o município onde ficam as fazendas usadas pelo esquema criminoso, mas além de Dourados e Campo Grande, um mandado de busca e apreensão foi cumprido em Amambai, cidade a 360 km de Campo Grande.

O filho foi preso no condomínio Setvillage I, na Rua Olário de Oliveira França, na Vila Nasser, em Campo Grande, e levado para a Superintendência da PF. Ele teve a prisão preventiva decretada. Já o pai dele foi preso em Dourados, por força de mandado de prisão temporária. Em Dourados a PF também aprendeu dinheiro, cujo valor não foi informado.

Segundo os delegados que comandam a Operação Efeito Dominó, o filho mantém estreita ligação com Cabeça Branca, sendo uma das poucas pessoas do esquema a ter contato direto com o narcotraficante. Foi através dele que seu pai também entrou no esquema, servindo de “laranja” para esconder o dinheiro proveniente do narcotráfico.

A PF informou que o esquema “esfriou” após a prisão de Luiz Carlos da Rocha, em 1º de julho do ano passado em uma padaria de Sorriso (MT). Os lavadores de dinheiro passaram a adotar um comportamento mais discreto, mas as atividades continuaram.

Namorado da filha – De acordo com a Polícia Federal, a operação de hoje é a terceira investida contra o mega esquema montado por Cabeça Branca, considerado um empresário do tráfico, que ao contrários da maioria dos criminosos desse meio não tem histórico de ser violento e mantém boa relação com as principais facções do país.

A primeira fase foi a prisão de Cabeça Branca, após ele ficar quase três décadas foragido no Brasil e no Paraguai, onde mantém pelo menos sete fazendas e financiava até candidaturas políticas.

A segunda foi a prisão de um estagiário da Justiça Federal em Londrina (PR), em novembro do ano passado. Namorado da filha do narcotraficante, ele forneceu uma senha para que parentes e advogados de Cabeça Branca acessassem processos sigilosos sobre o caso.

A senha funcional foi usada inclusive em Ponta Porã. A investigação mostrou que o ex-estagiário de direito acessou diversas vezes o sistema eletrônico que organiza os processos referentes à Operação Spectrum durante o período em que trabalhou na Vara Federal Previdenciária de Londrina e mesmo após pedir desligamento do estágio.

De acordo com a PF, o investigado deixou o trabalho espontaneamente em setembro. Entretanto, um mês depois foram registrados acessos em seu nome, inclusive feitos por computadores localizados em Catanduvas (PR), onde fica uma penitenciária federal, em Ponta Porã e no Paraguai.

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