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Interior

PF investiga ataque a índios, mas tensão continua em área de conflito

Sitiantes vizinhos da reserva Tey Kuê viram índios rondando propriedades e temem mais ocupações em Caarapó

Helio de Freitas, de Dourados | 13/07/2016 10:58
Cápsulas deflagradas recolhidas ontem em área onde índios foram atacados (Foto: Divulgação/Cimi)
Cápsulas deflagradas recolhidas ontem em área onde índios foram atacados (Foto: Divulgação/Cimi)
Índio com ferimento no braço; Cimi diz que foi provocado por tiro (Foto: Foto: Divulgação/Cimi)
Índio com ferimento no braço; Cimi diz que foi provocado por tiro (Foto: Foto: Divulgação/Cimi)

A Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) estão em Caarapó, município a 283 km de Campo Grande, para investigar o suposto ataque a tiros contra índios guarani-kaiowá que ocupam a fazenda Santa Maria, no lado oeste da aldeia Tey Kuê.

Dois adolescentes de 15 e 17 anos e um homem de 32 ficaram feridos, segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Eles deveriam vir para Dourados ontem para fazer exame de corpo de delito e o adolescente de 17 anos, que teve ferimento mais grave, seria encaminhado para o Hospital da Vida, o que não aconteceu até hoje, segundo a gerência da unidade.

Nesta quarta-feira, o comandante da Polícia Militar na região, tenente-coronel Carlos Silva, disse ao Campo Grande News que a situação é de tensão no município. Segundo ele, sitiantes vizinhos à aldeia relataram que durante a noite índios foram vistos rondando as propriedades, mas não houve confronto ou novas ocupações.

Há um mês, os guarani-kaiowá ocuparam a fazenda Yvu e foram atacados a tiros por fazendeiros e seguranças. O agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, morreu e seis índios ficaram feridos.

O ataque de junho gerou novos conflitos e os índios chegaram a sequestrar três policiais militares que estavam na aldeia, tomaram as armas e coletes e colocaram fogo na viatura e em um caminhão que transportava uma colheitadeira.

No mesmo dia, os índios entraram em pelo menos oito sítios e em mais duas fazendas – a Novilho e a Santa Maria, onde teria ocorrido o ataque de segunda-feira à noite.

O comandante da PM disse que as informações sobre o suposto ataque ainda são muito desencontradas e que ele viu apenas um dos três índios feridos. “Mas ele não quis ir à delegacia nem ao hospital”, afirmou Carlos Silva.

“A história se repete” – O missionário do Cimi Matias Benno Rempel, que foi ontem a Caarapó, disse ao Campo Grande News que a situação dos índios é de tensão e tristeza. Segundo ele, assim como ocorreu no dia 14 de junho, os índios foram atacados por homens em caminhonetes e numa retroescavadeira. “A história se repete, infelizmente”.

Rempel reclamou da demora das forças de segurança em atender os índios. “Eu recebi uma ligação às 9h da noite de segunda e os indígenas disseram que procuraram a polícia, mas a Força Nacional só chegou duas horas depois, quando os índios já tinham sido baleados. Veio até aqui e foi embora de novo”.

Reintegração – Na semana passada, o juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Janio Roberto dos Santos, concedeu liminar de reintegração de posse da fazenda Yvu e deu prazo de 20 dias para a Funai retirar os índios da propriedade de forma pacífica.

Na segunda-feira (11), a Funai informou que vai recorrer ao TRF (Tribunal Regional Federal), em São Paulo, para derrubar a liminar. A instituição vai adotar as providências jurídicas e administrativas cabíveis para a garantia dos direitos da comunidade indígena”, informou o órgão federal.

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