Polícia Federal pode realizar mais ações durante Operação Bumerangue
Ois desdobramentos da Operação Bumerangue, desencadeada nesta quarta-feira (25) pela PF (Polícia Federal), em conjunto com a Receita e com o MPF (Ministério Público Federal) para investigar fraudes fiscais e sonegação de impostos na fronteira, podem render mais prisões e mandados de busca e apreensão.
Segundo declarou ao site Dourados News o delegado chefe da PF em Dourados, Leonardo de Souza Machado, outras provas deverão ser produzidas nos próximos dias, resultando em novas ações. “O inquérito vai ter continuidade. Vão ser produzidas mais provas ao longo das investigações. Buscaremos analisar os laudos fiscais dessas pessoas e a partir daí, pedir a quebra de sigilos bancários e telefônicos, caso seja necessário”, contou durante entrevista coletiva.
Depois de dois anos de análises e investigações, foram expedidos na operação 12 mandados de prisão temporária, 39 de condução coercitiva e 35 de busca e apreensão em residências dos investigados e nas empresas supostamente ligadas à organização criminosa.
De acordo com o superintendente da PF, Edgar Paulo Marcon, a maneira como as pessoas envolvidas enriqueceram durante este período foi espantoso. “O patrimônio dessas pessoas aumentou muito nos últimos anos. Imóveis e carros de luxo foram adquiridos em Ponta Porã. Todos esses bens podem ser sequestrados com o andamento do inquérito”, comentou, lembrando ainda que foram mais de 100 imóveis comprados por envolvidos na cidade de fronteira.
Esquema e operação
De acordo com o superintendente Edgar Marcon, todo o processo pode ter custado no mínimo, R$ 100 milhões aos cofres públicos dentro de uma movimentação calculada em torno de R$ 300 milhões.
“A quadrilha era bem organizada. Eles compravam materiais siderúrgicos através de exportadoras instaladas em Ponta Porã, algumas delas de fachada, e tinham as notas ‘esquentadas’ pelos funcionários públicos. Como o imposto do mercado interno para o externo tem diferença de aproximadamente 40%, eles lucravam o valor revendendo esses produtos para indústrias ou outras empresas do ramo”, relatou.
As investigações começaram em 2012, com denúncias que chegaram ao Ministério Público Estadual, e depois do início de apuração por parte do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), encaminhados para a Polícia Federal.
De acordo com a Polícia Federal, a Operação Bumerangue visa combater organização criminosa suspeita de fraudar o fisco federal. Durante as investigações foi identificado um esquema de fornecimento de exportação para produtos siderúrgicos de origem nacional. As mercadorias “saíam” do país e depois “retornavam” de forma fictícia sem recolher os tributos necessários.
Após constatada a entrega das mercadorias no Brasil, as notas eram canceladas. Os produtos eram entregues nos Estados de São Paulo e Paraná, sem passar em Mato Grosso do Sul. Foram expedidos na operação, 12 mandados de prisão temporária, 39 de condução coercitiva e 35 de busca e apreensão em residência dos investigados e nas empresas supostamente ligadas à organização criminosa.
Os crimes investigados são formação de quadrilha, falsidade ideológica, descaminho, corrupção ativa e passiva e evasão de divisas, entre outros. Foram envolvidos na operação 60 servidores da Receita Federal e 210 policiais federais.