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Interior

Preso diz que armas encontradas em cela foram arremessadas sobre muralha

Três pistolas, um revólver e 115 munições estavam em buraco na parede de cela no raio do PCC na PED

Helio de Freitas, de Dourados | 16/02/2023 11:04
Leandro Azevedo da Silva, liderança de facção que assumiu ser dono das armas (Foto: Adilson Domingos)
Leandro Azevedo da Silva, liderança de facção que assumiu ser dono das armas (Foto: Adilson Domingos)

Leandro Azevedo da Silva, 30, o “Hacker”, que assumiu ser dono das armas e munições encontradas ontem (15) em cela da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), disse que o arsenal chegou ao local arremessado pelos “pombos” sobre a muralha do maior presídio de Mato Grosso do Sul.

“Pombos” são integrantes de facções criminosas que estão em liberdade e ficam responsáveis em jogar celulares, drogas e armas sobre a muralha de presídios. Na PED, houve vários casos de materiais interceptados pelos agentes no pátio, mas em algumas situações os presos conseguem pegar os pacotes e esconder nas celas.

As duas pistolas calibre 380 de fabricação argentina, uma pistola 9 milímetros fabricada na Turquia, um revólver Rossi calibre 38 e 115 munições foram encontrados por policiais penais em buraco na parede da cela 39 do raio II, onde ficam integrantes e simpatizantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

A existência do armamento dentro do presídio foi identificada pelo setor de inteligência da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). Às 6h de ontem, os policiais penais entraram na cela e encontraram as armas e munições.

Conforme a ocorrência registrada na Polícia Civil, a cela 39 estava vazia há três semanas. No dia 25 de janeiro, após vistoria, os 10 presos que estavam no local foram levados para a cela 43 do mesmo raio. A 39 ficou fechada, para receber reparos. Naquele dia, no entanto, as armas não tinham sido encontradas.

Após o esconderijo ser encontrado ontem de manhã, os dez presos que estavam na cela até o dia 25 de janeiro foram interrogados. Nove deles alegaram desconhecer a existência das armas e apenas Leandro “assumiu a bronca”, como se diz na gíria das cadeias.

Em depoimento aos policiais penais, Leandro afirmou ser liderança da facção criminosa, disse que as armas foram arremessadas pelos “pombos”, mas ficou em silêncio quando perguntado qual seria o destino do armamento.

Leandro Azevedo da Silva explicou que assim como existem presos responsáveis em introduzir droga nas cadeias, ele tem a missão de receber e esconder as armas. Indagado se as armas chegam através de drones, ele negou e disse que esse tipo de transporte pode danificar o armamento durante o pouso.

Levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), o preso usou o direito constitucional de permanecer em silêncio. Ele foi autuado por posse ilegal de arma e associação criminosa e depois levado de volta para o presídio.

Dos outros nove presos, dois foram levados para o Estabelecimento Penal de Regime Fechado Gameleira I, em Campo Grande, um foi encaminhado ao presídio semiaberto por ter direito à progressão de regime e os demais permanecem na PED.

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