Réu por crimes contra indígenas, fazendeiro é investigado por uso de agrotóxico
Homem que responde por tentativa de homicídio, incêndio e racismo agora é acusado de prejudicar condomínio
O uso de agrotóxicos em área localizada a menos de 200 metros do Residencial Monte Carlo, em Dourados, está sendo investigado pela 11ª Promotoria de Justiça no município, segundo publicou hoje (14) o Ministério Público Estadual.
RESUMO
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O Ministério Público Estadual investiga o uso de agrotóxicos a menos de 200 metros do Residencial Monte Carlo, em Dourados. A aplicação dos produtos ocorreu na Fazenda Parte Remanescente II e Estância Parque dos Eucaliptos, de propriedade de Allan Christian Kruger, violando a Lei Verde municipal. O proprietário alega desconhecimento da legislação e afirma ter cessado o uso de agrotóxicos após notificação, optando por defensivos biológicos. Kruger também responde a processos na Justiça Federal por tentativa de homicídio, incêndio e racismo contra indígenas guarani-kaiowá em outra propriedade.
Os produtos foram supostamente aplicados na Fazenda Parte Remanescente II e Estância Parque dos Eucaliptos, na rodovia MS-162 e Avenida Guaicurus, próximas à Rua Elpídio Júnior Rubin Stefanello.
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Um inquérito civil foi aberto após o órgão receber uma denúncia sigilosa. Como não conseguiu acesso ao documento, a reportagem questionou e aguarda retorno sobre o tipo de produto utilizado e se foi constatado algum dano ambiental ou à saúde dos moradores e animais.
Infração - Proprietário, Allan Christian Kruger é alvo do inquérito por possível infração ao artigo 51, inciso XXIX da Lei Verde de Dourados, a Lei Complementar Municipal nº 440/2022. Ela proíbe o uso de agrotóxicos de uso agrícola à distância mínima de 200 metros de áreas com habitantes, animais, nascentes e cursos d’água quando a aplicação é mecanizada ou manual.
O fazendeiro explicou ao Campo Grande News que não sabia das regras da lei municipal. "É uma lei que ultrapassa [a distância definida por] lei federal. Fui notificado porque eu não tinha conhecimento da lei de Dourados sobre o uso de agrotóxico dentro do perímetro urbano", afirma.
Allan alega que parou de usar agrotóxico nas proximidades do residencial após a notificação. "Foi há anos. De lá para cá, eu tenho respeitado a distância de 200 metros e usado biológicos e outras alternativas como a cobertura do solo para não ter plantas daninhas", continua.
Uma visita à área constatou que havia rastros da máquina pulverizadora no local. "É porque é a mesma máquina utilizada na aplicação dos produtos biológicos", justifica.
Milho e soja são plantados na fazenda e na estância, que está arrendada atualmente. Houve colheita recente. Assim como Campo Grande, Dourados passou pela expansão do perímetro urbano, de forma que a fazenda e a estância foram incluídas dentro dessa margem, segundo o proprietário.
Em outra fazenda - O inquérito que Allan Kruger vai passar a responder se soma aos processos que já responde em outra instância, na Justiça Federal, e estão relacionados à Fazenda Boa União.
O proprietário é réu por tentativa de homicídio, incêndio e racismo contra indígenas guarani-kaiowá que estavam acampados no local em 2019. Ele não quis se manifestar sobre os autos.
Matéria editada às 13h39 para corrigir informação sobre rastros da máquina pulverizadora.
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