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Interior

Servidor de carreira, ex-vereador também é investigado por fraudes no Detran

Adriano Passarelli foi alvo de buscas policiais hoje; ex-chefe de agência e despachante foram presos

Helio de Freitas, de Dourados | 08/11/2022 12:40
Policiais em um dos endereços onde foram feitas buscas, hoje de manhã (Foto: Divulgação)
Policiais em um dos endereços onde foram feitas buscas, hoje de manhã (Foto: Divulgação)

O ex-vereador Adriano Passarelli, 46, é um dos alvos da Operação Resfriamento, deflagrada hoje (8) pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) para desmantelar esquema de fraudes na agência do Detran/MS em Juti, a 311 km de Campo Grande.

Servidor de carreira do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul com salário líquido de R$ 6,5 mil, ele cumpriu mandato de vereador de 2017 a 2020, quando saiu candidato a prefeito pelo PP e ficou em segundo lugar.

O Campo Grande News apurou que a residência de Adriano Passarrelli foi um dos oito locais onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, mas não havia mandado de prisão contra ele.

Segundo fontes policiais, outro investigado que também foi alvo das buscas é o empresário Jefferson Cassavara. Não há informações sobre qual foi a participação deles no esquema.

Presos – Com apoio da Corregedoria do Detran, da Delegacia Regional de Fátima do Sul e da Defron (Delegacia de Repressão a Crimes de Fronteira), o Dracco prendeu hoje o despachante douradense João Ney Pereira da Silva e o ex-gerente da agência do Detran em Juti, Marcel Libert Lopes Cançado.

João é dono do Ney Despachante, localizado na Rua Izidro Pedroso, na Vila Alba, região leste de Dourados. A casa dele, no Jardim Flórida, e o despachante, foram alvos de buscas.

Ao contrário do informado inicialmente, Marcel não é o atual gerente da agência, mas apenas servidor comissionado no órgão estadual.

Ele assumiu a gerência no período em que Adriano Passarelli ficou afastado por causa da campanha eleitoral, mas depois o titular reassumiu o cargo. Parte das irregularidades teria ocorrido no período em que Marcel ocupava a chefia.

A reportagem apurou que os quatro são acusados de integrar esquema fraudulento de licenciamento de veículos cujos proprietários moram em outros estados, mas apresentavam endereços falsos em Mato Grosso do Sul. A quadrilha também é acusada de legalizar veículos sem laudos de vistoria.

Os documentos irregulares eram emitidos na agência do Detran em Juti. Veículos até mesmo de outros estados eram regularizados com documentos sem nunca terem passado por vistorias ou mesmo ingressado em Mato Grosso do Sul.

Segundo o Dracco, duas carretas com quatro eixos foram regularizadas sem apresentação do Certificado de Segurança Veicular. Quando a legalização ocorreu, a circulação de veículos de quatro eixos ainda era proibida no Brasil. A liberação pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito) ocorreu apenas em janeiro de 2022.

“Além das irregularidades da composição do veículo e da ausência da apresentação de documentos de segurança obrigatório, foi verificado que os proprietários do veículos residem fora do Estado e foi utilizado endereço falso para a efetivação da fraude”, afirma o Dracco.

Os endereços “frios” eram de Dourados, onde os processos eram intermediados pelo despachante João Ney Pereira da Silva e os documentos emitidos na agência do Detran em Juti. Segundo a polícia, em menos de dois anos, a organização movimentou pelo menos R$ 17 milhões.

Veículos, entre carros de alto valor e motocicletas, além de documentos e dinheiro vivo foram apreendidos durante as buscas, mas o balanço ainda não foi divulgado pelo Dracco. O Campo Grande News ainda não conseguiu falar com os advogados dos investigados.

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