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Cidades

Microcefalia ligada ao zika é severa em 71% dos casos, diz estudo

Em Mato Grosso do Sul, há sete casos de pessoas com o vírus, transmitido pelo Aedes aegypti

Natalia Yahn | 23/01/2016 09:17
O zika vírus, além da dengue e da chikungunya, são doenças transmitidas pelo Aedes aegypti que se reproduz em locais com água limpa e parada. (Foto: Fernando Antunes)
O zika vírus, além da dengue e da chikungunya, são doenças transmitidas pelo Aedes aegypti que se reproduz em locais com água limpa e parada. (Foto: Fernando Antunes)

O CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) fez a avaliação mais completa do conjunto de características da microcefalia causada especificamente pelo zika vírus, baseada em 35 bebês brasileiros. Reportagem da Folha de São Paulo publicada neste sábado (23) traz informações sobre os dados, apresentados em um artigo do CDC.

Os dados mostram que mais de 70% das mães de filhos com microcefalia ligada à infecção pelo zika apresentaram vermelhidão entre os primeiro e o segundo trimestre de gestação. Das crianças, 71% apresentaram microcefalia severa – perímetro cefálico muito reduzido.

O artigo foi assinado por pesquisadores de diversas instituições brasileiras e pode ajudar a separar os casos de microcefalia por zika dos que têm outra causas.

Um dado importante do estudo é que cerca de um terço das crianças nasceu com excesso de pele no crânio. Isso indica que o feto sofreu um estresse ainda no útero da mãe que interrompeu o seu desenvolvimento normal, explica a médica e geneticista da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, Dafne Horovitz, uma das autoras do estudo.

Outras complicações notáveis relatadas pelos pesquisadores são uma doença articular (artrogripose), pé-torto e problemas oftalmológicos (como um globo ocular anormalmente pequeno).

A ideia de fazer essa avaliação extensa foi capitaneada pela Sociedade Brasileira de Genética Médica.

O trabalho foi feito com 37 crianças que nasceram com microcefalia. Duas foram excluídas porque a origem da condição não era ligada ao zika: uma tinha uma alteração genética e outra sofreu com a infecção por citomegalovírus – uma das causas “clássicas da má-formação”.

A condição geralmente reflete subdesenvolvimento cerebral: o órgão não cresce e há uma consolidação precoce do crânio. Entre os 27 bebês que passaram por exames de neuroimagem, todos apresentaram alterações como calcificações, alargamentos dos ventrículos (cavidades do cérebro) e alteração no padrão de migração dos neurônios (importantes para a adequada formação do cérebro).

Os cientistas ainda continuarão incluindo novos casos na análise, relata Dafne, mas há dificuldades. “É difícil detectar microcefalia com os instrumentos que a gente tem. Quando o bebê nasce, só se marca 'sim' ou 'não' na questão sobre malformações. A gente depende da descrição dos médicos. Na declaração de nascido vivo não tem um espaço para o perímetro cefálico”.

Casos - Mato Grosso do Sul tem sete casos de zika vírus confirmados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde). Seis casos são de pacientes de Campo Grande e um de Aquidauana, a 130 quilômetros da Capital.

Apenas os cinco primeiros casos são de pacientes identificados – sexo e idade. Os dois últimos, registrados na Capital, não há identificação – nem mesmo se são casos de gestantes.

Todos os sete casos foram confirmados por exames laboratoriais, realizados no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP).

O Ministério da Saúde confirmou na quarta-feira (20), a investigação de três casos de microcefalia com suspeita de infecção pelo vírus zika em Mato Grosso do Sul. Porém foram quatro casos registrados no Estado, um foi causado por sífilis.

A SES informou que os casos investigados por zika são dois em Dourados e um em Bela Vista, ainda sem confirmação laboratorial.

Em todo o Brasil foram registrados 3.530 casos de microcefalia com suspeita de infecção pelo vírus zika, em 21 estados e 724 municípios. Destes, estão em investigação 46 casos que evoluíram para óbito.

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