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Cidades

Movimento pró-índio faz campanha por boicote europeu à carne brasileira

Caroline Maldonado e Leonardo Rocha | 08/10/2015 12:53
Missão ecumênica esteve ontem na Assembleia Legislativa e segue hoje para Dourados (Foto: Gerson Walber)
Missão ecumênica esteve ontem na Assembleia Legislativa e segue hoje para Dourados (Foto: Gerson Walber)

A missão ecumênica de 15 instituições da América Latina e Holanda, que visita Mato Grosso do Sul, lançou campanha de boicote à carne bovina e soja de Mato Grosso do Sul, em função dos prejuízos e mortes de indígenas que o conflito de terras gera no Estado. Segundo o grupo, entidades pedem aos governantes da Suíça, Holanda, Suécia e Alemanha para que pressionem os importadores a deixar de comprar de MS.

A campanha foi anunciada ontem (7), durante ato na AL (Assembleia Legislativa), sob o slogan “A carne e a soja de MS têm sangue de criança indígena”. O movimento gerou preocupação entre os parlamentares, pois as atividades agropecuárias são a base da economia do Estado.

Segundo o secretário de Articulação e Relações Internacionais do Cebi (Centro de Estudos Bíblicos), Edmilson Schinelo, o movimento tem forte adesão na Suíça, onde a Campanha da Fraternidade 2015 da Igreja Católica teve como tema a redução do consumo de carne. “A campanha deste ano foi sob o argumento de que a cada quilo você consome, tira a vida de gente que vive no cerrado e povos indígenas. Então já existe esse movimento na Suiça, que agora está sendo ampliado”, disse, ao lembrar que cresce na Europa, a tendência de boicote a produtos vindos de trabalho escravo, exploração ou vinculados a violação de direitos indígenas.

Ao comentar o caso, o deputado Paulo Correa (PR), que é presidente da Comissão de Indústria e Comércio da AL, atacou o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e o Governo Federal, além de classificar como descaso pelo Estado, o fato de pessoas daqui apoiarem a campanha. “O boicote da Europa para carne ou grãos, que foi sugerido ou está sendo articulado por pessoas daqui, mostra que elas estão trabalhando contra o Estado. Além disso, demonstra que o Cimi, que é financiado por esses grupos de fora também estaria querendo prejudicar a produção do Estado, até porque o conflito indígena não é um problema de MS e sim do Governo Federal, que não consegue demarcar as terras”, disse.

O parlamentar lembrou ainda a vinda do ministro José Eduardo Cardozo à MS, no dia 2 de setembro deste ano. “Temos que lembrar que a presidente é do PT e o responsável seria o ministro Jose Eduardo, que veio ao Estado, fez promessas, mas no fim apenas destratou uma produtora, durante uma reunião”, afirmou, referindo-se a discussão em que o ministro se aborreceu e disse à ruralista que qualquer manifestação de incitação a violência seria vista como crime e investigado.

O deputado Eduardo Rocha (PMDB) também demonstrou extrema preocupação com a situação. “MS tem a melhor carne do mundo e um boicote ao Estado seria uma injustiça e um absurdo. Nós aqui na Assembleia temos que ter responsabilidade e seriedade nessas duas CPIs. Elas não podem ser palanques, porque tem muita coisa em jogo”, disse, citando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cimi, já em andamento e a CPI do Genocídio, cujo requerimento já foi entregue à presidência da Assembleia.

A investigação da atuação do Cimi nos conflitos indígenas foi proposta pela deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) e tem os primeiros depoimentos previstos para a próxima terça-feira (13). Movimentos sociais e o Cimi têm feito pressão para investigação de mortes, desde que Semeão Fernandes Vilhalva, 24 anos, foi assassinado no dia 29 de agosto deste ano, durante confronto com proprietários na fazenda Fronteira, em Antônio João, a 279 quilômetros de Campo Grande.

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