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Cidades

Na alegação final, defesa pede pena mínima a ex-assessor de Odilon

Jedeão de Oliveira nega desvio de dólares apreendidos pela 3ª Vara Federal de Campo Grande

Anahi Zurutuza | 16/08/2018 14:56
Vara onde Jedeão trabalhava passou por correição (espécie de investigação) em 2016 (Foto: Arquivo)
Vara onde Jedeão trabalhava passou por correição (espécie de investigação) em 2016 (Foto: Arquivo)

A defesa do ex-servidor da Justiça Federal em Campo Grande Jedeão de Oliveira apresentou as alegações finais em processo movido contra ele, sob acusação de ter desviado dólares dos cofres apreendidos por ordem do juiz aposentado Odilon de Oliveira, hoje candidato ao governo do Estado. Os ilícitos, segundo a denúncia, ocorreram quando ambos atuavam na 3ª Vara Federal Criminal de Campo Grande.

Alvo de ação que cobra R$ 10,6 milhões, Jedeão foi por 21 anos funcionário de confiança de Odilon. Ele responde a 26 acusações de peculato e admite ter cometido um crime, "fraudado um documento", nas palavras do advogado dele José Roberto Rodrigues Rosa.

À reportagem, o defensor disse apenas que pediu a prescrição de parte dos supostos delitos cometidos e pena mínima pelo crime que Jedeão confessou. “Não posso falar mais do que isso, porque este processo tramita em sigilo”.

Jedeão de Oliveira posa para foto (Foto: Arquivo pessoal/Facebook)
Jedeão de Oliveira posa para foto (Foto: Arquivo pessoal/Facebook)
José Roberto Rodrigues Rosa em entrevista  (Foto: Luana Rodrigues/Arquivo)
José Roberto Rodrigues Rosa em entrevista (Foto: Luana Rodrigues/Arquivo)

Armário – Em maio de 2015, o Banco Central do Brasil devolveu uma quantia em torno de 16,7 mil dólares, cujas notas não poderiam ser trocadas. Na oportunidade, a ordem era que o dinheiro fosse guardado no cofre e, no dia seguinte, acautelado na Caixa Econômica Federal.

Segundo Jedeão, a ordem foi cumprida. Posteriormente, em vistoria, descobriu-se que esse dinheiro estava na secretaria, no armário do funcionário, embora já tivesse passado mais de um mês desde a determinação de uma juíza que atuou na 3ª Vara.

Ainda conforme o documento, o ex-servidor confessa ter feito uma transação financeira e inserido informação em ofício para o juiz assinar.

“Em outras palavras, o ex-diretor assume que, na tentativa de sanar um problema (a não localização dos valores a serem devolvidos à [...], inseriu num ofício encaminhado ao Dr. O (iniciais do ex-chefe de Jedeão)., junto a outras contas que realmente necessitavam de correções, uma conta que não precisava de nenhuma mudança, permitindo, com isso, sacar indevidamente valores de uma conta escorreita e que possibilitariam a restituição”.

A ação penal, proposta pelo MPF (Ministério Público Federal), tramita desde julho de 2016 na 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande.

Não quer falar - Novamente, o advogado negou mediar a marcação de uma entrevista com o cliente. Em maio, José Roberto fez a tentativa pelo Campo Grande News. “Também não posso obrigar o Jedeão a falar. Mas pergunto: como alguém atua desviando valores por 20 anos? Tendo um juiz que fiscaliza duas vezes por ano o cofre e o tribunal que manda correição. Sempre esteve tudo certinho. Leva 20 anos para ver que sumiu dinheiro. É uma situação bem esquisita”, disse o defensor à época.

O advogado afirmou ainda que mais de um servidor tinha acesso ao cofre onde ficava o dinheiro apreendido. “Tudo que falta de dinheiro caí nas costas dele. Mas não era só o
Jedeão que tinha acesso ao cofre onde guarda valores. Precisa de dois servidores para abrir o cofre, um coloca a chave e ou outro digita a senha,” diz o advogado.

A 3ª Vara Federal de Campo Grande é especializada em crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e valores e crimes contra o SFN (Sistema Financeiro Nacional).

Jedeão mudou-se para Cuiabá (MT) e diz ter recebido amaeaças depois que o sumiço dos dólares veio à tona. 

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