Operação sigilosa transfere 54 presos e tenta isolar líderes de facções
Ação para isolar líderes de facções criminosas foi coordenada pela Agepen
Na semana passada, integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) fizeram festa dentro do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, ordenaram ataque a um agente penitenciário de Naviraí e teriam feito ameaças a servidora que teve de deixar o Estado. Tudo isso para comemorar o aniversário de fundação da facção criminosa. Mas, nesta quinta-feira (8), em resposta “aos abusos”, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança) deflagrou megaoperação sigilosa para desarticular o crime organizado nos presídios de Mato Grosso do Sul.
Na ação para isolar lideranças das facções, 54 internos de várias penitenciárias do Estado foram transferidos para o Presídio Federal de Campo Grande ou trocados de unidade prisional. Coordenado pela Diretoria de Operações da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o trabalho foi realizado sem chamar a atenção ao longo de todo o dia.
Para as transferências e um “pente-fino” na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), também foram mobilizados policiais civis, militares e federais, além de agentes do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). A Sejusp fez o trabalho de inteligência.
Conforme a assessoria de imprensa da Agepen, foram transferidos detentos de unidades de Campo Grande, Naviraí e Dourados. “Os presos que identificamos como lideranças altamente negativas foram levados ao Presídio Federal”, informou Reginaldo Francisco Régis, diretor de Operações da Agepen, por meio da assessoria de comunicação e sem dar mais detalhes.
‘Pente-fino’ – O raio 2, ala B, que abriga os presos de maior periculosidade da PED de Dourados, passou por “pente-fino” pela manhã.
Foram apreendidas 61 armas artesanais, 23 celulares, dez carregadores, oito carcaças de celular, 23 peças de telefone móvel, seis baterias avulsas, além de drogas e bebida alcoólica artesanal.
A vistoria foi feita por 70 agentes penitenciários e 50 policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, que atuaram na contenção dos presos para que os agentes pudessem realizar as revistas nas celas.
‘Comemorações’ - Detentos que fazem parte do PCC são vistos pelos próprios agentes penitenciários como os “donos dos presídios”. Na quarta-feira (31), integrantes da facção fizeram festa no Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande, e divulgaram fotos e áudios da festa nas redes sociais.
Na manhã do mesmo dia, o agente penitenciário Enderson Antônio Bogas Severi, 34, sofreu atentado em Naviraí - a 366 km de Campo Grande. Dois pistoleiros teriam agido a mando do PCC, também em comemoração ao aniversário de fundação da facção, que hoje comanda presídios no Brasil, Bolívia e Paraguai.
Dois dias depois, a servidora Helaine Barros Ton, diretora do Patronato Penitenciário de Campo Grande, teria deixado o Estado, após receber ameaças de presidiário que fazem parte da organização criminosa. A informação foi dada à reportagem pelo Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul) e confirmada pela Sejusp.
Matéria alterada para acréscimo de informações.