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Cidades

Pesquisadores estudam fatores que, junto ao vírus Zika, causam Guillain-Barré

Aline Leal – da Agência Brasil | 27/02/2016 15:29
O mosquito Aedes Aegypti é o transmissor do virus Zika (Foto: Divulgação/Arquivo)
O mosquito Aedes Aegypti é o transmissor do virus Zika (Foto: Divulgação/Arquivo)

A incidência de Síndrome de Guillain-Barré (SGB) aumentou em cerca de cinco vezes no estado do Rio de Janeiro depois que o vírus Zika começou a circular no país. A estimativa é do neurologista Osvaldo Nascimento, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), que participa de estudo sobre fatores que, combinados com o Zika, ocasionam a SGB.

“A síndrome de Guillain-Barré continua sendo rara, só que nos chama atenção o fato de esses pacientes [que relatam ter passado por um quadro de Zika] apresentam o quadro clínico um pouco mais grave e com variantes da síndrome”, disse o especialista. Segundo Nascimento, antes, a média de ocorrência da SGB era 4 para cada 100 mil habitantes por ano, e agora fica entre 20 e 30 para cada 100 mil por ano.

A SGB é uma reação autoimune do organismo, que afeta os nervos periféricos e pode apresentar diferentes graus de manifestação, apresentando desde leve fraqueza muscular em alguns pacientes ao quadro raro de paralisia total dos quatro membros.

Em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e com outras universidades, a UFF está investigando qual o fator que, relacionado ao vírus Zika, pode desencadear a síndrome de Guillain-Barré. “Por que algumas pessoas têm a infecção aguda de zika e desenvolvem a síndrome, já que a grande maioria vai ter quadro agudo viral, com exantemas, as manchinhas vermelhas, conjuntivite, dor articular e depois passa?”, questionou Nascimento.

Em 2014, foram notificadas 1.439 internações por SGB em todo o Brasil no Sistema de Informação Hospitalar. Em 2015 , depois que o vírus Zika chegou ao país, o número chegou a 1.868 internações.

Alterações Neurológicas - Quadros de SGB e de encefalomielite, outra alteração no sistema imunológico, já foram associados também à infecção por dengue. Porém, segundo o neurologista, essa relação não impactou a incidência das duas doenças. “Você vê que nós tivemos muitos casos de dengue, mas, até agora, ninguém ouvia falar em Guillain-Barré”. Já o impacto das síndromes relacionadas ao vírus Zika foi evidente.

Encefalite e encefalomielite também são quadros neurológicos que podem ser desencadeados pelo vírus Zika. O quadro clássico de encefalite costuma começar com sonolência, instabilidade para andar, desorientação e pode acabar com o paciente precisando de aparelhos para respirar. Os quadros de encefalomielite acrescentam a estes sintomas dificuldades motoras. A intensidade dos sintomas varia muito. Também não se sabe quais fatores associados ao Zika podem fazer com que o paciente tenha essas alterações neurológicas.

O Ministério da Saúde diz que tem investigado as manifestações neurológicas identificadas em pacientes que estão em estados com circulação de infecções pelo Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, do vírus Zika e da chikungunya. A pasta explica que entre essas síndromes se encontram encefalites, meningoencefalite, mielite e síndrome de Guillain-Barré, entre outras.

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