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Cidades

Quadrilha usava até nome de viciado para comprar aviões e carros do tráfico

Rafael Ribeiro e Marcus Moura | 28/03/2017 12:21
Casa de Gerson palermo no Jardim Leblon, um dos alvos da operação da PF nesta manhã (Fotos: André Bittar)
Casa de Gerson palermo no Jardim Leblon, um dos alvos da operação da PF nesta manhã (Fotos: André Bittar)
Carros usados pela quadrilha que foram apreendidos pela PF durante a operação
Carros usados pela quadrilha que foram apreendidos pela PF durante a operação
Gerson Palermo desce de viatura da PF após sua prisão, nesta manhã
Gerson Palermo desce de viatura da PF após sua prisão, nesta manhã

A quadrilha de tráfico internacional desmantelada nesta terça-feira (28), em operação da Polícia Federal, utilizava até viciados em drogas como laranjas involuntárias nas compras dos bens de luxo, como aviões e veículos, revelou os delegados em coletiva na sede do órgão, em Campo Grande.

Segundo o delegado Cléo Mazzotti, um dos responsáveis pelas investigações de quase um ano sobre o bando, até 30 pessoas eram usadas como laranja sem saber, ou seja tinham seus nomes usados para a compra dos bens sem que sequer soubessem.


A maior surpresa para os agentes federais, no entanto, foi saber que na lista de viciados usados estava até mesmo o de freqüentadores da Cracolândia, concentração de usuários de crack no Centro de São Paulo (SP).


Para Mazzotti, a suspeita é de que os nomes integrem a lista pelo fato dos viciados terem atuado como ‘mula’ (pessoas que fazem o trabalho de transportar drogas para traficantes) aos acusados.


Prisões – Até a conclusão desta reportagem, 17 dos 18 mandatos de prisão emitidos haviam cumpridos pela Polícia Federal. O dono do aeródromo em Corumbá (a 419km de Campo Grande) alvo da PF durante a manhã é o foragido até aqui.


Segundo a PF, ele trabalhava na logística de transporte como piloto e já tem passagem por tráfico.


Todos os detidos foram indiciados por tráfico de drogas internacional, associação ao tráfico de drogas internacional, lavagem de capital, falsificação documental e falsificação documental trabalhista.


Cinco dessas prisões aconteceram em Campo Grande, incluindo a do líder do esquema, Gerson Palermo, 59 anos, detido em sua casa no Jardim Leblon, região sudoeste da Capital. Piloto de formação, ele já foi preso por seqüestrar um avião comercial e foi líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul.


Mazzotti explicou na coletiva que Palermo e os outros integrantes tentavam manter as aparências, mesmo com o esquema milionário. No caso dele, especificamente, era registrado como funcionário de uma empresa de embalagens em Londrina (PR), que pertence a um dos membros da quadrilha também detidos.


Segundo a PF, cada membro do bando tinha uma responsabilidade específica dentro do funcionamento que nem sempre significava ter contato com a droga.

Em Goiás, por exemplo, foram localizados advogados do grupo identificados como os responsáveis por lavar o dinheiro obtido com a venda de cocaína e de encontrar os laranjas.

"O objetivo dá operação é quebra financeiramente a quadrilha e trazer os bens de volta a sociedade", disse Mazzotti.

O caso - A ação da PF (Polícia Federal), deflagrada nesta terça-feira (dia 28), cumpre 50 mandados judiciais, sendo 18 ordem de prisão cautelar, 25 mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva em 14 cidades.

Também serão apreendidas seis aeronaves, cinco imóveis, incluindo um aeródromo, bloqueio de valores em 68 contas correntes e de 35 veículos adquiridos por meio de práticas criminosas.

A droga chegava ao Brasil por aeronaves e, posteriormente, era distribuída na região Sudeste por via terrestre. No decorrer das investigações, três integrantes do grupo foram presos com mais de 800 quilos de cocaína originária da Bolívia. A operação conta com 150 policiais federais e às 10h será realizada entrevista coletiva na superintendência da PF em Campo Grande.

All In é uma jogada típica do poker em que a pessoa aposta todas as suas fichas em uma mão de cartas. O nome faz alusão à forma impetuosa com que a organização desenvolve suas atividades, arriscando-se no transporte de grandes carregamentos de entorpecentes.

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