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Em Pauta

Cocaína, farinha de trigo e açúcar, eram o “bem”

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 07/03/2025 07:56
Cocaína, farinha de trigo e açúcar, eram o “bem”

Um prato cheio de pó branco. Esse seria um monumento em praça pública ao pensamento cientifico incorreto. Assim, homenagearíamos de uma só vez três enganos cientificistas: a cocaína, a farinha de trigo refinada e o açúcar. Três pós quase idênticos. Três frutos do pensamento que dominou o mundo até bem pouco tempo. Três matadores de gente.


Cocaína, farinha de trigo e açúcar, eram o “bem”

O refino nosso de cada dia, não nos dai.

Não é por acaso que os três são parecidos. Todos eles são o resultado de um processo de refino de uma planta - trigo, cana e coca. Refino! Soa quase como ironia usar essa palavra chique para definir um processo que deveria chamar-se “linchamento vegetal”. Submetem a planta a todos os tipos de maus-tratos: esmagamento entre dois cilindros de aço, fogo, cortes de navalha e ataques com ácidos. Até que tenham destruído toda a planta menos sua “essência”. No caso do trigo e da cana, o carboidrato puro, pura energia. No caso da coca, a sensação de energia ilimitada, injetada diretamente nas células cerebrais.


Cocaína, farinha de trigo e açúcar, eram o “bem”

Êxtase dos cientistas.

Começaram a refinar as três plantas mais ou menos na mesma época: metade do século XIX. A tal cultura ocidental entrou em êxtase, adorou as novidades. O novo negócio era estudar o Universo em pequenos pedacinhos. Nada melhor para eles do que estudar a “essência“ e não o “lixo inútil das fibras, minerais e vitaminas”. E o melhor de tudo é que os três pozinhos não estragam. Sabem porque não estragam? Porque praticamente não tem nutrientes. As bactérias e insetos que estragam os alimentos não são trouxas, não se interessam pelo que não tem nutriente. Ele eram o “Bem”.


Cocaína, farinha de trigo e açúcar, eram o “bem”

Um mês sem comer.

Eram conquistas da engenhosidade humana. A cocaína  era o “elixir da vida”, um substituto para a comida, para que as pessoas passassem até um mês sem comer. No outro lado da trincheira alimentar, estavam as gorduras. Os médicos recomendavam substituir as gorduras por carboidratos. E o mundo se entupiu de farinha e açúcar. Começou ali uma epidemia de diabetes. Começou também uma epidemia de obesidade.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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