Muitos bandeirantes, a história não contada do MS
A história dos bandeirantes em território sul-mato-grossense foi esquecida propositalmente. Muitos desejam apagar esse período na vã tentativa de finalmente obterem uma vitória. Sonham em conquistarem definitivamente partes desta região. Os choques entre brasileiros e guaranis, ao contrário do que pensam, nasceram no distante anos 1.600. A ingenuidade e o desconhecimento histórico dão as cartas nas hoje denominadas “retomadas guaranis” de fazendas que pertencem a brasileiros plenamente documentados. Os choques iniciais se deram entre bandeirantes, pelo lado dos brasileiros, contra espanhóis de Assunção e jesuítas que diziam proteger os guaranis. Era inevitável. Tinha de acontecer.
Por onde lutou Castanho?
Antônio Castanho da Silva, provavelmente, foi o primeiro paulista a penetrar nesta região. A sua bandeira, ocorrida presumivelmente entre 1.618 e 1.620 em busca de riquezas, percorreu itinerário desconhecido, mas não resta dúvida que andou lutando por estas bandas contra indígenas.
Santiago de Xerez destruída.
A primeira “cidade” erigida no Mato Grosso do Sul foi Santiago de Xerez, localizada nas proximidades de Aquidauana, onde suas ruínas conservavam-se em uma fazenda. Era o centro de domínio dos espanhóis de Assunção e dos jesuítas. Em 1.632, foi destruída por um braço da bandeira de Antônio Raposo Tavares, o mais importante bandeirante que temos noticia.
A “razzia” definitiva de Raposo Tavares.
Em 1.648, Raposo Tavares entra no Mato Grosso do Sul por “caminho que os cronistas não mencionam”. Encontra a região totalmente dominada pelos espanhóis e guaranis. Faz uma “razzia defintiva”, contam os primeiro historiadores. Expulsa todos. Destrói o que eles haviam construído. O que sabemos é que Raposo Tavares partiu de São Paulo, passou por Sorocaba, pela fazenda de Botucatu (hoje cidade de mesmo nome, que pertenceu aos jesuítas), dirigiu-se ao rio Paranapanema, entrou no rio Paraná, subiu o Ivinhema até suas nascentes e, pela Vacaria, alcançou o território hoje paraguaio. Nos campos da Vacaria teve embates com os guaicurus.
A bandeira de Pedroso de Barros.
Na esteira de Raposo Tavares seguiram outros sertanistas. Luiz Pedroso de Barros, passaria pelo Mato Grosso do Sul, em 1.660, por caminho desconhecido, indo falecer na Bolívia em choque com os indígenas daquele país.
Bicudo, o incansável.
Guardem bem este nome. Manoel de Campos Bicudo, fez, ao que consta, vinte e quatro entradas em nossa região. Era incansável. Devassou boa parte da região que vai do vizinho Mato Grosso até a nossa fronteira com o Paraguai. Há um outro bandeirantes que apenas conhecemos o nome, que lutou em nossa região: Gaspar de Godoi Moreira, andou por aqui com “forte expedição“ em 1.696.
A luta ingente na serra de Maracaju.
As alturas da serra de Maracaju deviam ser teatro também, da “luta titânica” travada pelo filho de Gaspar Moreira. Partiu de São Paulo em 1.675 e destruiu, no ano seguinte, a Vila Rica Del Espiritu Santo, fundada entre Assunção e o Mato Grosso do Sul. Expulsou os guaranis lá existentes, assim como os das missões jesuíticas das proximidades. Saindo de Assunção, marchou para lhe dar combate a tropa guarani comandada por D.Juan Diaz de Andino, com mais de mil homens. O combate ocorreu nas alturas da serra de Maracaju . Batidos os guaranis e espanhóis, retiraram-se os paulistas para suas terras levando mais de quatro mil guaranis reduzidos ao cativeiro. Além de todos estes bandeirantes, há outros que por aqui combateram nos anos 1.700.
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