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Em Pauta

Nioaque a Miranda, as trilhas do Sertanejo. Estradinhas documentadas

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 20/06/2025 06:00
Nioaque a Miranda, as trilhas do Sertanejo. Estradinhas documentadas

Até há pouco, o Peabiru, uma estrada fictícia de povos guaranis, não passava de uma lenda. Ganhou corpo, virou um negócio rentável. Como tantos outros mitos, não dispõe de documento - nem sequer de lógica - algum que comprove sua existência. Os indígenas brasileiros eventualmente andavam em insignificantes trilheiros nos matos. Suas estradas importantes não ficavam em terra, estavam nas correntezas dos rios.


Nioaque a Miranda, as trilhas do Sertanejo. Estradinhas documentadas

A primeira “derrota” do Sertanejo.

Todo estudo sobre o Mato Grosso do Sul exige a consulta às “derrotas“ do Sertanejo, apelido de Joaquim Francisco Lopes. A palavra “derrota”, usada no passado, significa “caminho”, quando registrado em relatórios. A primeira exploração realizada pelo Sertanejo, em 1.836, na região de Paranaíba, recebeu do governo a incumbência de abrir uma picada de Paranaíba a Miranda e, no ano seguinte, de transpor o rio Paraná chegando até Piracicaba, no Estado de S.Paulo. Em 1.837, Lopes locou, na barra do córrego Água Limpa, onde hoje é Camapuã, um pequeno porto. Dava inicio à picada contratada com o governo do Rio de Janeiro. No final do ano seguinte, deu por terminado o trabalho recebendo cem cabeças de gado e duzentos mil réis em pagamento.


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Abrindo uma comunicação entre fluvial.

A segunda exploração, compreendendo várias entradas, tinha por objetivo abrir uma comunicação fluvial do rio Paraná até o baixo Paraguai. Assim, em 1.847, Lopes e comitiva entraram pelo rio Ivinhema e chegaram a Albuquerque, anotando os percursos, com detalhes riquíssimos, principalmente os referentes aos primeiros povoadores brancos e aos indígenas.


Nioaque a Miranda, as trilhas do Sertanejo. Estradinhas documentadas

Nioaque começa a ser pensada.

A terceira “derrota” do Sertanejo, entre 1.848 e 1.849, seguiu o mesmo itinerário e acabou definindo o “varadouro de Nioaque”. A palavra “varadouro” era usada para definir um lugar onde as pessoas poderiam descansar.


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A estradinha de Nioaque a Miranda.

A quarta “derrota”, em 1.857, teve como escopo o reconhecimento dos rios Amambaí e Iguatemi e seus afluentes. Antes, entre 1.850 e 1.853, o Sertanejo estivera auxiliando um major na abertura de uma estradinha que ligava o varadouro de Nioaque até Miranda. Com ela, findavam os trabalhos do Sertanejo em solo do Mato Grosso do Sul. Mudou-se para o Estado do Paraná onde faleceu em 1.868, dentro de uma colônia indígena, em extrema pobreza. O Sertanejo nasceu em 7 de setembro de 1.805. Era filho de Piumhi em Minas Gerais.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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