Pablo Marçal e os Quakers, evangelismo sem dízimo e armas
Anunciam que Pablo Marçal estará em C.Grande nos próximos dias. Virá para um evento empresarial. A faceta que me interessa é a religiosa. Pablo Marçal é o fundador do “QGR - Quartel General da Religião”, um braço do evangelismo que não admite a cobrança de dízimo. O QGR é uma releitura dos Quakers, modernizaram esse movimento religioso de fundamental importância. Até agora não tinha adeptos brasileiros. Os Quakers, também são pacifistas radicais, não admitem o uso de armas, imagino que o QGR adote a mesma cartilha. Mas, o que são os Quakers?
Um rico herdeiro cria um Estado nos EUA.
William Penn, o nome mais importante do movimento Quaker era um rico herdeiro. Seu pai, um famoso almirante inglês, havia emprestado ao rei uma imensa fortuna. Assim que seu pai faleceu, William, adepto dos Quakers, não sabia o que fazer. Essa religião apregoa a simplicidade. Simplicidade ao vestir, simplicidade no comportamento, nas refeições… é claro que uma vida faustosa de rico não coadunava com seu credo religioso. Mas, Penn não admitia que o rei não pagasse sua dívida. Foi assim que teve a ideia de negociar com o rei da Inglaterra que, ao invés de pagar a divida com dinheiro, a saldasse com terras para os Quakers nos Estados Unidos. Essa é a história do nascimento da Pennsilvania, o Estado de William Penn. Um lugar onde os Quakers não mais seriam perseguidos. Até essa época, estavam sendo enforcados e açoitados em todos os lugares pelos “pilgrims”, outro movimento evangelista majoritário nos EUA.
Uma solução para os Estados Unidos e para a Europa.
Penn foi o primeiro homem a propor que todas as colônias de ingleses na América do Norte se unissem, e criassem os Estados Unidos da América. Estava a cem anos de distância do dia em que ocorreria essa união. Passados alguns anos na América, Penn “lembrou-se” que era europeu. Ao retornar à Inglaterra, escreveu um pequeno livreto, com menos de vinte páginas, propondo uma ideia que só se realizaria depois de trezentos anos: a União Europeia. Penn foi a primeira pessoa, portanto, a propor a criação dos Estados Unidos e da União Europeia.
De qual religião estamos falando?
No final do século XVII, época de William Penn, a Europa acreditava que a verdadeira religião era o cristianismo. Mas, de qual cristianismo estavam a falar? Se o cristianismo era a verdadeira religião, então, porque diabos estavam em guerras, em discórdia permanente entre católicos e protestantes, entre protestantes e protestantes, entre seitas de cada igreja, entre alguns poucos contra muitos… Por vezes por questões apenas litúrgicas como saber se o corpo de Cristo estava na hóstia da Eucaristia ou apenas seu espírito. Ou estava no vinho. Havia aqueles que guerreavam defendendo que estava em ambos…mais mortes ainda houveram para saber se o livre-arbítrio existe ou tudo está pré-determinado por Deus. Se a religião era um caminho para a felicidade, porque raios os cristão discordavam tanto entre si para sair matando uns aos outros? Pior ainda, bem perto deles, em suas fronteiras, viviam os muçulmanos em uma idade de plena paz, a que chamaram de “Pax Turca”. Os muçulmanos riam dos cristãos. Diziam: “e eles (cristãos) dizem que tem a verdadeira religião? Nem se entendem entre si”. Essas dificuldades seriam enfrentadas por William Penn.
Os “mandamentos” de Penn.
Em 1.695, Penn escreveu um livro denominado “Tratado para a futura paz na Europa através do estabelecimento de uma Dieta [ parlamento ] dos Estados Gerais Europeus”. A resposta de como lidar com o fato de que os europeus estavam constantemente em guerra uns com os outros. Penn propõe até o numero de deputados no Parlamento que uniria os europeus. A primeira das vantagens proposta por Penn é, evidentemente, a paz, deixar de derramar o sangue humano e cristão. A segunda vantagem é a reputação da cristandade que estava muito abalada. Os “infiéis”, os muçulmanos, passariam a respeitar os cristãos. A terceira vantagem é economizar o dinheiro gasto nas guerras que poderia ser aplicado no ensino, na caridade e nas manufaturas. A quarta vantagem é que as cidades passariam a estar preservadas da ruína da guerra. A quinta vantagem seria a facilidade e segurança para as viagens comerciais dentro da União Europeia, além da vantagem que os cristãos passariam a ter nas fronteiras com os muçulmanos. Penn faz uma proposta que seria revolucionária, diz que tudo isso poderia ser levada as “moscovios”, como ele chamava os russos e, por incrível que pareça, aos turcos. A ultima vantagem seria os casamentos entre filhos e filhas dos nobres por amor, abandonariam os casamentos por alianças estratégicas. Uma vantagem estranha, mas que lutava por amor e não por negociatas.
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