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Em Pauta

Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 27/10/2025 07:15
Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

A China deu o troco nas taxas exorbitantes de Trump. Ambas potencias mapearam suas forças e as debilidades e estão utilizando os chamados “pontos de estrangulamento” para dobrar o braço do oponente. A China encontrou nas terras raras sua alavanca para rebater Trump. Determinou controles e burocratizou a exportação das terras raras. As restrições determinadas por Pequim proíbem a exportação desses minerais para uso militar. Para a construção de ímãs, carros elétricos e placas solares, a burocracia, a quantidade de informação que os demais países terão de fornecer aos chineses são tão pormenorizadas que tornarão lentas milhares de fábricas ocidentais.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

BYD sim, Ford não.

O fator burocrático facilita a escolha chinesa. Eles darão certamente esses minerais para a BYD chinesa e dificultarão sua aquisição para empresas norte-americanas como a Ford, ou as alemãs, maiores produtoras de ímãs.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

Um avião consome 400 quilos de terras raras. Ucrânia perderá.

Para os EUA, as terras raras são imprescindíveis na industria armamentista. Não se pode construir um caça F-35 sem o uso de 400 quilos de terras raras. Nem um submarino sequer será construído. Os projéteis teleguiados ficarão aguardando as terras raras para voarem. Será assim que a Rússia vencerá a Ucrânia. Os russos receberão as terras raras e os europeus não terão acesso a elas, levando a um colapso no fornecimento de armas para o abastecimento ucraniano.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

13 milhões de desempregados na indústria automobilística europeia.

O golpe mais duro levarão dois tipos de indústrias do mundo ocidental. O avanço na eletrificação e descarbonização sofrerão duro baque. Toda a tecnologia verde necessita de terras raras. Os automóveis em geral, e especialmente os carros elétricos norte-americanos e europeus ficarão parados as linhas de produção. Já está faltando terras raras na Europa e só as fabricas de elétricos emprega 13 milhões de operários.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

Revólveres na mesa. Soja e terras raras: o duelo.

China e EUA colocaram seus revólveres sobre a mesa. O Brasil não fez o diagnóstico correto de qual seria o seu. Não sabe ao certo qual o instrumento anti coerção que pode usar. Pelo contrário, fala em negociar suas terras raras com os EUA sem entender bem do assunto. E pode ser o grande perdedor do confronto dos maiorais norte-americanos e chineses quanto à compra de soja. A China não está comprando a soja norte-americana… por enquanto.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

Décadas para produzir.

No melhor dos casos, as possíveis industrias de terras raras levarão décadas para produzir. A China está a 40 anos subsidiando suas indústrias de terras raras. Seus enormes investimentos nesse produto levaram o governo chinês a perder bilhões de yuans para conseguirem ótimos refinos. O autêntico gargalo é o refinamento desses materiais e não sua existência - eles existem em muitos países. Em alguns casos há formação de resíduos radioativos e só os chineses sabem como resolver esse seríssimo problema. E sem refino esses minerais são inúteis.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

O IBAMA dificilmente permitirá o refino.

Se as pesquisas para verificar a existência comercial de petróleo na Foz do Amazonas levou mais de uma década, para o refino de terras raras levará pelo menos duas. As regras meio ambientais levam a exploração desse material para a inviabilidade econômica. E de onde o Brasil tirará os bilhões de dólares necessários para viabilizar essa exploração? Na primeira década, pelo menos, uma fabrica de terras raras trabalha no vermelho.


Terras raras: décadas para produzir e extremamente poluente

Só a Austrália parece ter condições de explorar.

Em 2010, quando a China colocou restrições para a venda de terras raras para o Japão, os nipônicos foram à Austrália encontrar uma saída. A dependência do Japão das terras raras chinesas passou em 15 anos de 90% para 60%. O fato é que a Austrália resolveu investir nas montanhas de terras raras da Malásia para viabilizar um mínimo desse produto para o Japão. A única esperança é que somente a Indonésia e o Brasil são países alternativos, onde o refino de terras raras pode prosperar daqui a décadas. Mas ainda assim, terá de descobrir onde jogar os resíduos. A China está levando para Mianmar esses materiais altamente contaminantes.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.