“Viagra do cérebro”, a indústria farmacêutica quer turbinar teu cérebro
Elas existem há tempos. Será que, com o uso contínuo, a longo prazo, drogas que turbinam o cérebro não fazem mal, não viciam? E será que é uma boa ideia mexer com a química do cérebro? Muitos cientistas tem levantado essas questões, ainda sem respostas definitivas. Quem toma remédios para turbinar a cabeça está assumindo um sério risco. Afinal, a busca por substâncias capazes de nos tornar mais espertos é um sonho que se perde na noite dos tempos.
Comendo alho puro.
Sem exagero: desde que o humano existe, tem gente querendo melhorar o desempenho intelectual. Os primeiros humanos comiam frutas em estágio de apodrecimento para conseguir o álcool decorrente da putrefação. Os soldados do Império romano comiam alho puro, porque acreditavam que lhes dava inspiração. A turma do norte, acima da Itália, godos e visigodos, bebia enormes quantidades de cerveja para obter a bravura necessária para combater.
Nazistas eram todos dopados.
Conforme a química evoluiu como ciência, as drogas foram se sofisticando. E os intelectuais, caíram de cabeça nelas. No século XVI, o famoso Francis Bacon admitia abertamente o consumo de vários produtos para turbinar o cérebro. O escritor Honoré de Balzac, no inicio do XIX, tomava café aos montes para produzir. E Sigmund Freud acreditava que a cocaína pudesse ser um poderoso auxílio para a mente. Mas os estimulantes só entraram na era moderna em 1.929, quando o químico Gordon Alles introduziu o uso das anfetaminas. Eram para tratar asma e bronquite e viraram a chave de sucesso da arremetida dos nazistas na vitória contra os franceses, a famosa “blitzkrieg". Todos com a “cara cheia” de Pervetim, uma potente anfetamina que os deixou mais alucinados que já eram. Altamente viciante, as anfetaminas, logo a seguir, derrubaram os viciados nazis.
Depois da guerra, veio o Ritalim.
A busca por uma turbinada mental mais segura começou a se sofisticar em 1.956, quando surgiu o metilfenidato - mais conhecido como Ritalim. É um derivado da anfetamina, supostamente com efeitos mais leves e controlados. Foi desenvolvido como uma droga para tratar distúrbio de deficit de atenção - distúrbio que atualmente viveu seu apogeu. Também foi largamente usado em casos de depressão. Mas, sem saber, eles estavam lançando a pedra fundamental da industria das drogas da inteligência. Foi vendido como o primeiro estimulante razoavelmente seguro. Ele não é inofensivo. Na verdade, pode ser muito perigoso, mas foi considerado seguro para ser receitado a milhões de crianças em todo o mundo. Campeão de vendas, até que veio o modafinil. A droga preferida de quem busca turbinar a própria cabeça. Era o tão almejado “viagra do cérebro”? Duvido. Apenas mais uma droga viciante. Muita besteira vem sendo vendida como panaceia.
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